Os momentos de dificuldade podem ser verdadeiros motores para que um profissional talentoso use todo seu potencial. Grandes desafios tecnológicos ou restrições de cronograma e orçamento podem ser o ponto de partida para a busca de novas formas para realizar projetos.
Nestes momentos, deve-se evitar a aceitação de ideias dominantes, obstáculos, experiências passadas obtidas em outras circunstâncias, decisões prematuras e pensamentos convencionais.
A livre associação de ideias deve ser estimulada. As barreiras devem ser questionadas e superadas. Novas conexões entre conceitos e tecnologias devem ser criadas.
Durante o período da ditadura militar no Brasil, as manifestações culturais e artísticas foram censuradas com rigor. Apesar destas limitações, Chico Buarque criou verdadeiras obras primas da música popular brasileira. Posso citar “Apesar de Você”, “Cálice”, “Meu Caro Amigo”, “Roda Viva” e “Construção”. As letras tinham duplo sentido e passavam mensagens contra o regime militar. Todo o talento do Chico foi desafiado pela barreira da censura, mas ele conseguiu superá-la.
Abaixo você pode assistir à apresentação da música “Construção” de Chico Buarque. Esta música acabou de ser considerada pela revista Rolling Stones Brasil como a melhor música brasileira de todos os tempos.
Atenção para a maravilhosa poesia. Bela, densa, crua, triste, sufocante, libertadora…
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague
Chico é simplesmente genial…
Ele desafiou o status quo da época. Cabe a nós desafiarmos o status quo de nossas empresas. Vamos usar nossa criatividade!