Arquivo do mês: dezembro 2013

Os números de 2013 by WordPress

Os macacos ajudantes de estatística do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2013 deste blog.

Aqui está um resumo:

A sala de concertos da Sydney Opera House tem capacidade para 2.700 pessoas. Este blog foi visto 24.400 vezes em 2013. Se fosse um concerto na Sydney Opera House, haveria cerca de 9 apresentações totalmente vendidas para muita gente assistir.

Clique aqui para ver o relatório completo.

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Sensações de Final de Ano

Quem inventou o calendário fez um gol de placa! Imagina se não contássemos os anos e simplesmente tivéssemos uma contagem interminável de dias? Neste caso, 31 de dezembro de 2013 poderia ser o dia 735248 da era cristã… A graça da contagem de anos é a vontade de fazer aquele balanço dos nossos sucessos e fracassos no final de cada período. Como consequência, muitas vezes elaboramos os famosos “propósitos de final de ano”. Infelizmente a maioria destes propósitos não se concretiza e muitos não são, ao menos, perseguidos…

Calendario_December-31st

Não é muito fácil analisar com distanciamento suficiente o que fizemos durante um ano. Às vezes é melhor confiar mais na intuição do que na razão. Este ano de 2013, por exemplo, me gerou um turbilhão de sensações, muitas delas antagônicas.

Estes últimos dias me trouxeram vários pensamentos. Por exemplo, há pouco mais de três anos, compramos um terreno com muitas árvores na cidade de Ivoti no Rio Grande do Sul para construir nossa nova casa. Logo depois, mudei de trabalho e havia a iminente possibilidade de mudança de estado. Faz dois anos, fui transferido para a cidade de São Paulo. No segundo semestre deste ano, eu e a Claudia decidimos vender o terreno de Ivoti e comprar uma casa em São Paulo. Esta semana, fomos ao cartório em Ivoti para transferir o terreno ao novo proprietário. Na saída da cidade, eu estava calado e a Claudia perguntou:

– Está se despedindo de Ivoti?

Eu concordei e complementei:

– Talvez a gente nunca mais entre nesta cidade. Estranho que há três anos nós estávamos fazendo planos para morar o resto de nossas vidas aqui. Incrível como as coisas mudam…

No mesmo dia, depois do almoço em Novo Hamburgo, resolvemos ir a um hospital local para que um pediatra examinasse nossa filha caçula, Luiza. Ela já estava há três dias com um pouco de febre, sem se alimentar direito e muito mais chorosa do que seu normal. Nossa espera no hospital foi muito maior do que o esperado devido ao número reduzido de pediatras, ao número elevado de crianças e aos exames laboratoriais complementares que a médica solicitou, incluindo uma análise adicional. Felizmente nossa filha não tinha nada grave, só deveríamos controlar sua febre com paracetamol.

Quando fomos ao restaurante do hospital para fazer um lanche, vimos que havia preparativos para uma cerimônia no jardim em frente da capela. Uma mulher estava vestida de noiva e deduzimos que ela casaria com um paciente. A Claudia me contou depois que o noivo era um doente em estado grave, provavelmente terminal, do setor de oncologia do hospital. Seu leito foi levado até o jardim onde a noiva e um seleto grupo de convidados esperavam por ele. Os convidados pareciam felizes, apesar da situação do noivo, era um pequeno oásis no meio de um deserto de sofrimento, um instante de reconforto. Com certeza não era a felicidade planejada, mas era a possível…

Nossas oito horas de espera no hospital ganharam sua dimensão real, um quase nada!

Passamos a vida planejando o que vamos comprar, em qual posição queremos trabalhar e a renda que teremos, onde passaremos as férias. Os planos parecem centrados no material ou nos modelos de felicidade que a mídia nos apresenta. Neste Natal e final de ano, ao invés de seguir o ícone consumista Papai Noel, deveríamos mergulhar na parte mais escondida do nosso ser e entender o que somos e no que queremos nos transformar. Neste processo, uma frase do Dalai Lama pode ajudar muito:

– “Grande parte do sofrimento é criada por nós mesmos.”

Dalai Lama

Dalai Lama

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Futebol, Sociologia e Psicologia

Quem mora em São Paulo, deve estar sempre atento às notícias sobre o trânsito. Um pequeno acidente com apenas danos materiais, por exemplo, pode ser responsável por dezenas de quilômetros de lentidão na cidade. Assim, quando saio do escritório, ligo o rádio na Band News para saber como está a situação no meu trajeto. Semanalmente, nesta rádio, existe um quadro chamado “Brasil com S”, no qual estrangeiros que moram no Brasil contam suas histórias pessoais e suas impressões sobre nosso país e sobre seus países de origem.

Algumas destas entrevistas são muito interessantes, outras são apenas engraçadas, enquanto que outras caem no lugar comum e me empurram para alguma emissora que tenha música e boletim de trânsito alternadamente. Há pouco mais de um mês ouvi uma entrevista surpreendente do correspondente de esportes da BBC, Tim Vickery, que mora no Rio de Janeiro.

Tim Vickery

Tim Vickery

Ele começou a entrevista, afirmando que todos os países são mitos, normalmente criados pela elite. Na sequência, disse que o Brasil moderno iniciou com Getúlio Vargas e, durante o Estado Novo, ele percebeu que seria muito bom criar o mito da felicidade – povo pobre, mas feliz. Para construir esta mentalidade, ele patrocinou manifestações populares, com destaque para o carnaval. Finalmente Vickery entrou no assunto futebol que também definiu com um mito. Citou o mito do futebol ofensivo (leva sete, mas faz oito), mas para o brasileiro o que importa mesmo é ganhar e afirmou que o torcedor brasileiro não é tão fiel assim. Se o time começa a perder, ele não vai mais no estádio, porque o torcedor não quer ter vínculo com a derrota e tem comportamento do tipo:

– Eu torço para este clube, mas este time não me representa.

Citou, como exemplo, a seleção brasileira de futebol de 1950. Definiu o time como espetacular, mas perdeu apenas o último jogo e, durante mais de meio século, nunca permitiram que a derrota fosse esquecida. E arrematou dizendo que, através do futebol, há uma abordagem sociológica muito profunda sobre quem são os brasileiros.

Seleção Brasileira de Futebol - 1950

Seleção Brasileira de Futebol – 1950

Eu fiquei impressionado! Muitas vezes, alguém de fora consegue enxergar nossas virtudes e mazelas com mais clareza do que nós mesmos. Sobre a decantada felicidade do povo, Vickery disse que a palavra carente diz mais do que feliz para o estado de espírito dos brasileiros. Isto obviamente gerou polêmica, mas a pessoa carente não é aquela que sempre se acha pior do que as outras e está sempre em busca de aprovação? O brasileiro, ao invés de esperar por manchetes favoráveis dos jornais “The New York Times” e “Washington Post” ou da revista “The Economist” para ficar satisfeito com o país, deveria se orgulhar das coisas boas que temos e lutar para modificar as ruins. Nestes últimos vinte anos, tivemos avanços admiráveis em várias áreas. Em outras, como saúde e educação, progredimos com uma velocidade inferior a desejada. Assim, onde estamos “perdendo”, ao invés de simplesmente desistir e “cornetear”, deveríamos “ir para arquibancada gritar até o time virar o jogo e garantir a vitória”.

No nível dos indivíduos, também podemos tirar conclusões interessantes sobre o comportamento no futebol e no trabalho. Existem aqueles que parecem que ganhar ou perder é indiferente. Só jogam quando recebem a bola, não ajudam o time a se defender ou recuperar a bola. No trabalho, são aqueles que dizem repetidamente que estão fazendo a sua parte.

Outros passam o jogo inteiro reclamando dos colegas de time. Para seus erros sempre existem boas desculpas. No trabalho, não é muito diferente…

Há aqueles que se escondem do jogo, têm a habilidade de estar sempre longe das jogadas. No trabalho, fogem das responsabilidades e se escondem atrás de outros colegas.

Outra categoria é a dos desanimados. Se o outro time é forte e sai vencendo o jogo, já desistem de lutar e tentar reverter o jogo. No trabalho, também desanimam ao enfrentar os primeiros obstáculos.

Tem o jogador-operário, aquele cara que joga para o time e não se preocupa em aparecer, mas nunca foge da batalha. No trabalho, este é aquele colega que todo mundo gosta de conviver, porque costuma apoiar os que estão em dificuldade e pensa em primeiro lugar no time.

Um tipo interessante é o “firuleiro”, aquele jogador que, ao invés de armar um contra-ataque, prefere dar um drible humilhante no adversário e acaba atrasando toda a jogada. Cada jogada transforma-se em demonstração de habilidade, mas com baixa efetividade. No trabalho, adora soluções complexas, porque o simples não demonstraria sua competência.

Uma variação deste último tipo é o “fominha”, aquele cara que não passa bola para nenhum colega de time. Não importa se há um companheiro livre na frente do gol vazio, ele prefere tentar a sorte sozinho. No trabalho, este seria aquele chefe centralizador que não repassa atividades para os subordinados, porque ele só confia em si mesmo.

O fominha

O fominha

Você acha que existe relação da forma de jogar futebol e trabalhar? Você conhece outro tipo de jogador-colega de trabalho? Como você se enquadraria?

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Quarenta Vezes Mário

Na semana passada, o primeiro chefe da minha carreira profissional, engenheiro Mário Meneghini, completou quarenta anos de trabalho no mesmo site. Os colegas prepararam uma grande homenagem surpresa no estilo do quadro “Arquivo Confidencial” do “Domingão do Faustão’.

Também gravei um depoimento de aproximadamente dois minutos, no qual contei como conheci o Mário, fiz uma brincadeira, falei do equilíbrio emocional quase inabalável e do jogo de futsal no qual ele tentou acertar o juiz com uma bolada. Gostaria de fazer hoje mais uma pequena homenagem ao ex-chefe, ex-colega e eterno amigo.

dupont sustainable growth excellence awards 2007

Começo lembrando-me do nosso primeiro encontro, foi a entrevista para uma vaga de estagiário. Fui o escolhido e ele era meu chefe direto. Depois de um ano, me contratou como engenheiro de processo da área. Era uma época difícil. A planta nova, que havia entrado em operação há pouco tempo, tinha resultados abaixo do prometido por uma série de motivos – desde problemas do projeto de engenharia à opção da área comercial de vender produtos de produtividade mais baixa. Mário era brutalmente pressionado, mas nunca perdeu a educação, nem jogava os membros da equipe aos leões ou uns contra os outros. Quando tudo parecia ruir, a frase mais indignada que dizia era:

– “É broca!”

Realmente é muito bom trabalhar com alguém que preserva os princípios do respeito e da boa convivência. No meu caso, serviu de exemplo para toda minha vida. No vídeo que gravei, falei de um paradoxo, ter alguém como o Mário como primeiro chefe também tem seu lado negativo. Passei a acreditar que o mundo corporativo agia de acordo com aquele “modus operandis”. Foi um doloroso aprendizado, eu estava errado, mas o Mário prosseguiu como modelo de como tratar as pessoas – ajudantes de limpeza, operadores da fábrica, engenheiros, gerentes ou diretores – ele sempre teve apenas uma cara. Isto fortalece a equipe e cria um ambiente favorável para todos.

Ele também foi o primeiro engenheiro, ainda nos 70, a se “misturar” aos operadores para, por exemplo, jogar futebol, apesar das críticas dos gerentes da época, não mudou sua forma de agir.

No meu depoimento, lembrei-me de um dos raríssimos momentos de descontrole, justamente em um jogo de futsal do campeonato interno da empresa. Após o juiz validar um gol totalmente irregular do adversário, eu e o Mário o pressionamos pela anulação do gol. Quando percebi que não adiantaria reclamar, virei às costas e voltei, xingando o cara. O Mário encarava o juiz e gritava:

– Sacanagem, hein? Sacanagem, hein???

Parecia que em cada repetição ele se irritava um pouco mais. Finalmente ele explodiu e chutou a bola, que estava no centro da quadra para o reinício do jogo, na direção do juiz. A bola quase acertou o alvo. Ao invés de expulsar o Mário, o juiz demonstrou a consciência pesada e deu apenas cartão amarelo. Jogamos juntos pelo menos uma vez por semana, durante vinte anos, e houve mais dois ou três episódios menos graves do que o narrado, nenhuma briga, nenhum bate-boca. Não dá para comparar com as minhas confusões esportivas que renderiam muitas páginas…

Outra característica marcante do Mário é a proatividade. Como definiu muito bem outro ex-subordinado:

– O Mário está sempre disposto a dizer “sim”, enquanto a maioria diz primeiro “não” e depois pensa sobre o assunto.

E, se o mundo infelizmente perdeu na sexta-feira passada Nelson Mandela, homem de tolerância e conciliação, fico feliz que nosso Mário Meneghini continue saudável e na ativa!

Para finalizar, vou plagiar um verso do “Samba da Minha Terra” de Dorival Caymmi:

– “Quem não gosta do Mário bom sujeito não é”.

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Há dois Mil Anos Atrás – O Genial Heron de Alexandria

Muitas vezes fazemos conjecturas sobre como as coisas teriam evoluído, se tivéssemos optado por um caminho diferente do escolhido. Os pensamentos ou diálogos sempre começam da mesma forma:

– Se isto tivesse acontecido, tudo seria diferente…

Normalmente alguém responde:

– Pois é, mas “se” não existe!

Isto ocorre nas mais diversas esferas – pessoal, profissional ou, até mesmo, na história da humanidade. Todo este preâmbulo serviu apenas para introduzir o assunto do artigo de hoje, falarei sobre um dos meus ídolos, o grande engenheiro da antiguidade Heron de Alexandria.

Heron de Alexandria

Heron de Alexandria

Heron foi um grande matemático, engenheiro e inventor da antiguidade. Viveu em Alexandria no século I e, hoje, sua produção é conhecida através dos vários livros que escreveu.

Em geometria, por exemplo, fez vários cálculos de superfície e volume de figuras tridimensionais como esferas, pirâmides, cubos e outras. Desenvolveu a fórmula, que leva seu nome, na qual se obtém a área de qualquer triângulo a partir apenas das medidas dos seus lados.

Apesar da sua obra nas áreas de matemática e geometria ser consistente, sinto-me muito mais atraído por seus inventos. Heron projetou o primeiro dispositivo acionado por um moinho de vento, um órgão musical.

Heron's_Windwheel

Órgão musical acionado por um moinho de vento

Em outro livro, Heron descreve o uso da dioptra (a avô do teodolito) e do odômetro para medição da área de terrenos, sendo um dos pioneiros em Topografia. Também inventou seringas, bombas para combater incêndios e robôs mecânicos. Dentre suas criações mais curiosas, destaco a primeira máquina de venda automática com moedas. No modelo de Heron, o usuário colocava uma moeda na fenda superior que acionava uma alavanca que liberava uma quantidade de Coca-Cola, ou melhor, água benta. Esta era uma forma dos templos conseguirem oferendas…

Máquina para venda de água

Máquina para venda de água

Mas a mais impressionante de todas as suas invenções foi a eolípila, uma máquina a vapor. Como você pode ver na figura abaixo, a água adicionada à caldeira era aquecida com fogo. O vapor formado na caldeira alimentava a esfera através de um tubo que também servia de eixo. O vapor saia da esfera através de dois tubos curvos localizados em lados diametralmente opostos, gerando movimento. Heron inventou a máquina a vapor mil e setecentos anos antes da Revolução Industrial do século XVIII.

Eolípila - máquina a vapor de Heron

Eolípila – máquina a vapor de Heron

Uma história, provavelmente uma lenda, diz que Heron mostrou com empolgação sua invenção ao rei que reagiu dizendo:

– O que vamos fazer com os nossos escravos?

Agora retorno a minha indagação inicial. Como seria o mundo se a eolípila fosse usada como ponto de partida para o desenvolvimento de uma revolução industrial na antiguidade? Acho difícil prever, talvez estivéssemos em um nível de desenvolvimento muito superior ao atual ou talvez os humanos já estivessem extintos devido a guerras. Quem pode prever? O “se” não existe…

Segundo estimativas, a população na época de Heron, século I, era apenas 250 milhões, enquanto que na época da Revolução Industrial já caminhava para o primeiro bilhão. Isto aumenta a necessidade da criação de formas mais eficientes de produção de bens e de transporte, favorecendo o desenvolvimento e uso da máquina a vapor no século XVIII.

O documentário abaixo mostra um pouco da história de Heron de Alexandria e suas invenções. Você verá que Heron não abandonou a eolípia e empregou seus princípios para automatizar a abertura e fechamento de portas em templos de Alexandria. As pessoas acreditavam que as portas abriam através da magia dos deuses, mas as verdadeiras responsáveis eram a ciência e a engenharia de Heron.

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