Arquivo do mês: agosto 2010

Círculo Virtuoso Colorado

O Inter ganhou no final da noite de quarta-feira a sua segunda Taça Libertadores da América. Confesso que em 2006 na decisão contra o São Paulo, eu estava muito mais nervoso do que nesta vez. Agora que já passaram quase de 48 horas da conquista, começo a entender melhor as diferenças entre os meus sentimentos de 2006 e de 2010.

Até o mágico ano de 2006, o Inter não tinha nenhum título internacional de expressão, enquanto seu maior rival já tinha duas Libertadores, uma Copa Intercontinental e uma Recopa Sul-americana. A conquista da Libertadores em 2006 foi um grande alívio, porque finalmente o Inter obteve a projeção internacional que seu nome sempre sugeriu. Na noite de 16 de agosto de 2006, eu temia que uma derrota aniquilasse todo o projeto de crescimento do clube. Naquela vez, a derrota teria uma consequência pior do que as perdas da final para o Nacional do Uruguai em 1980 e, por incrível que pareça, para o Olímpia do Paraguai na semifinal de 1989. Afinal os resultados positivos são essenciais para trazer reconhecimento para os bons trabalhos realizados. Assim é no futebol, e na vida pessoal ou na carreira profissional vale a mesma regra. Ninguém quer um rótulo de perdedor competente afixado no peito!

Nestes últimos quatro anos, além da Libertadores, o Inter ganhou um Mundial Interclubes, uma Recopa Sul-americana e uma Copa Sul-americana e passou a exibir a marca de Campeão de Tudo. Talvez por este motivo, não estava tão nervoso como em 2006. Uma derrota, desta vez, não seria uma tragédia irremediável. A merecida vitória veio e meu sentimento foi de orgulho.

Sinto que agora subimos mais um estágio. Todos lembram de frases como estas:

  • “Mais difícil do que chegar ao topo é se manter lá!”
  • “Tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá certamente uma terceira”.

A segunda frase é um provérbio árabe, podemos interpretar que ganhar uma vez pode ser um mero acidente, a repetição da vitória demonstra que a primeira vez não foi um acaso. Este era o motivo do meu orgulho colorado. O Inter agora é visto por todos como um clube realmente vitorioso e novas conquistas são esperadas. Entramos no círculo virtuoso almejado por todos.

Para os gremistas que conseguiram chegar até este ponto e que gostaram do provérbio árabe, porque ganharam duas Libertadores e dois Campeonatos Brasileiros e uma terceira conquista certamente acontecerá, lembro que vocês foram rebaixados duas vezes…

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O Profeta Xuxu

Mantemos o mesmo ritual das partidas anteriores da Libertadores de 2010. Chegamos ao estádio ainda com sol. Coloquei meu carro num bom local dentro do estacionamento. Depois conversamos sobre o jogo, meu irmão Fábio e eu bebemos algumas cervejas, só para relaxar… Acho que foi meu filho Leonardo que viu o Xuxu, saindo da sala do Departamento de Relações Consulares. Fomos cumprimentá-lo e ele nos mostrou uma relação de materiais relativos ao Mundial Interclubes de 2006 que foram doados ao Colorado. Ouvimos algumas boas histórias do Xuxu e, na hora de nos despedirmos, perguntei para ele.

– E aí, Xuxu, qual vai ser o resultado do jogo de hoje?

Ele respondeu de primeira:

– Hoje vai ser 1×0 para o Inter.

Tentei argumentar:

– Pô, Xuxu, podia ser pelo menos 2×0…

Mas ele confirmou que seria 1×0 “magrinho”. Então perguntei sobre o resultado do jogo de volta e a resposta foi surpreendente:

– Vai ser 2×1 para o São Paulo.

Tentei convencê-lo a mudar o palpite, mas não teve jeito:

– Vai ser 2×1 “sofridinho”. Contra o Estudiantes, eu também disse que seria 2×1. No final do jogo, eu estava tranqüilo, enquanto que o pessoal em volta de mim estava desesperado. Eu sabia que o Inter faria um gol.

Despedimos-nos e ficamos discutindo os palpites do Xuxu. Se ele estivesse certo, seria muito sofrimento. O Inter estava num momento muito melhor do que o São Paulo, a classificação deveria ser mais fácil.

O São Paulo armou um verdadeiro “retrancão” e ganhamos o primeiro jogo por um “magrinho” 1×0. Xuxu acertou a primeira parte da previsão.

Giuliano marcou o gol da vitória no jogo de ida (Fonte: Site do Inter)

Chegou o dia da grande decisão com um ingrediente extra, porque, além da classificação para a final da Libertadores, o jogo já valia uma vaga para o Mundial Interclubes em Abu Dhabi. Desta vez, eu estava sozinho dentro de um quarto de hotel em São José do Rio Preto. O nervosismo foi diminuindo à medida que o jogo passava. Sandro e Tinga jogavam bem e o Inter foi controlando o meio-campo. De repente o Renan falhou e o São Paulo fez o gol. Temi pela classificação, mas o Inter não mudou a forma de jogar e o primeiro tempo acabou.

No intervalo, fiz e recebi telefonemas de outros colorados preocupados. Lembrei os prognósticos do Xuxu e, se alguém me propusesse aqueles 2×1 para o São Paulo, assinaria o contrato na hora.

Começou o segundo tempo e o Inter logo empatou o jogo. Parecia que tudo ficaria muito mais tranqüilo, entretanto, o São Paulo voltou a marcar e a coisa complicou. Quando faltavam dez minutos para o final, o Tinga foi expulso.  Nos minutos seguintes, para me acalmar, procurava pensar na conversa com o Xuxu e repetia:

– O Xuxu tem que estar certo!

E o juiz apitou o final do jogo. O Inter estava classificado para mais uma final de Libertadores e para o Mundial.

Alecsandro fez o gol do Inter em São Paulo (Fonte: Site do Inter)

Vibrei muito, mas o grande personagem que não saia da minha mente não era o Alecsandro, autor do gol, ou o Sandro, melhor jogador do Inter em campo, ou o Roth, que armou magistralmente o time, era o profeta Xuxu. Ele fez um sashimi de polvo Paul. Ele não se limitou a acertar o vencedor e cravou o resultado exato dos dois jogos. Só espero que desta vez seja mais fácil…

Xuxu e eu na tarde de autógrafos do livro Histórias Coloradas II (Arquivo Pessoal)

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