Arquivo do mês: abril 2012

Minha Última Morada

Já pensei algumas vezes sobre o que seria feito com meu corpo após a vida abandoná-lo. Sinceramente não gostaria que fosse colocado em um caixão para ser consumido por bactérias vorazes e, num dia, ter os ossos transferidos para uma pequena urna guardada em um jazigo por toda a eternidade.

Prefiro a cremação, após a retirada de todos os órgãos ainda úteis para outras pessoas. O problema, neste caso, seria o que fazer com as cinzas. Meu coloradismo exacerbado sugere o gramado do Beira-Rio como o depositário dos minerais que compunham minha carcaça. Duvido que a direção do clube permitisse este procedimento. Afinal quantos torcedores desejariam ter o mesmo destino? Outro ponto contrário são as superstições futebolísticas bobas. Se o time passasse a perder, seria rotulado como um morto pé-frio causador do sofrimento de toda a “Nação Vermelha”. Por outro lado, se ganhasse um campeonato importante logo no primeiro ano, teria o status de santo. Logo eu…Se construirmos alguma casa especial ou, pelo menos, encontrarmos uma, poderia ser incorporado à terra de algum canteiro. Imagina ser reciclado e virar legume, fruta ou verdura? Não acho uma boa ideia! Sempre haveria comentários do tipo:

– Esta laranja está ácida!
– Mas também, a laranjeira foi fertilizada por quem? Como poderia ser diferente?

Só não reclamem que o chuchu está sem gosto, porque aí a culpa não será minha! Resta a alternativa de virar flor, mas gerará comentários maldosos. Que eu vire então uma ávore não-frutífera ou um arbusto…

Às vezes penso que o melhor seria voltar direto para a terra e não dar trabalho para os outros fazerem a “disposição final” dos meus restos. Se algum dia este post tiver alguma importância no mundo, talvez alguém diga:

– Putz! O cara se deu mal…

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A Reinvenção – Veja “O Artista”

Ocupar as dez horas que separam New York de São Paulo pode ser um tremendo desafio para alguns ou uma tortura terrível para outros. Sinceramente, não tenho muita dificuldade para preencher o tempo. Gosto de ver filmes, ler e, se tiver alguma inspiração, escrever.

O primeiro filme que assisti nesta última viagem foi surpreendente. Afinal qual é o louco que faz um filme mudo com fotografia em preto & branco no século XXI? O diretor Michael Hazanavicius foi realmente muito ousado! Onde estão os efeitos especiais e o 3D tão propícios para as modernas salas IMAX?

O Artista

O filme apresenta a única verdade absoluta que eu conheço – o mundo não para e temos que nos reinventar a cada dia. Se hoje somos os melhores, amanhã poderemos estar no ostracismo, porque a área que dominamos pode não ter mais a mesma importância ou destaque. Foi o que aconteceu com George Valentin, interpretado magistralmente por Jean Dujardin, ao acreditar que sua posição de ídolo do cinema mudo não se alteraria jamais. Não percebeu que o cinema falado sucederia o cinema mudo e insistiu em oferecer um produto que o público não desejava mais.

O filme se chama “O Artista”, mas poderia ser “O Engenheiro”, “O Médico”, “O Empresário”, “O CEO”, “O Político”, “O Cidadão”, “O Pai”, “O Filho” ou “O Marido”. Todos temos que nos reinventar nos diversos papeis que exercemos.

No final, como no grande cinema de Hollywood e em nossas vidas, apesar de frequentemente duvidarmos, o protagonista consegue dar a volta e se reinventa, fazendo um musical com muita dança e sapateado. Acredito que não foi à toa que as duas únicas palavras audíveis de George Valentin no filme foram “with pleasure”.

O Artista cena final

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O Aracnicídio

Quando mudei para São Paulo, pedi uma vaga no estacionamento do conjunto de prédios onde estão localizados os escritórios da empresa em que trabalho. Passados alguns dias me deram uma vaga no quarto subsolo de um dos edifícios-garagem. Notei que havia algumas teias de aranha no teto e em paredes próximas. Um dia vi uma aranha preta com manchas vermelhas no corpo e nas patas. Depois apareceu uma teia semiesférica com outra aranha dentro. Depois de algumas semanas, a aranha saiu da sua “toca”, ela era parecida com a primeira, mas era maior.

Aranha parecida com minhas vizinhas

Resolvi buscar uma convivência pacífica com minhas colegas de vaga. Inclusive dei nomes, a primeira era a Lucrécia (homenagem à Lucrécia Bórgia) e a maior era a Jacobina (homenagem a Jacobina Mentz Maurer dos Muckers).

As teias foram crescendo, assim como a proximidade das aranhas ao meu automóvel. Comecei a ficar com receio de me enrolar em alguma teia ou de ser atacado por uma das aranhas. Na quinta-feira passada, quando estava descendo a rampa de acesso do estacionamento, encontrei dois funcionários da limpeza. Aproveitei e informei o número da minha vaga e pedi para remover as aranhas. O pessoal imediatamente foi até o local e matou a Lucrécia, a Jacobina e suas crias. Sinceramente senti certo remorso por ter sido o mandante da matança das aranhas, mas tentei racionalizar que a situação representava um risco para mim.

Depois estava trabalhando normalmente, quando a secretária chegou e me avisou que mudou o local do estacionamento do meu carro. Na mesma hora, lembrei-me das aranhas inutilmente mortas. Que coisa mais terrível, parecia script de filme…

No final do dia, me dirigi até meu carro e vi que todas as teias foram removidas exceto uma junto à coluna no lado da minha ex-vaga. Ali durante o dia outra aranha da mesma espécie teceu uma nova teia. Já a batizei como Messalina (a polêmica imperatriz romana casada com Cláudio).

Lucrécia Borgia, Jacobina Maurer e a Imperatriz Messalina

Parecia um sinal que, apesar do massacre a que foram expostas, aquela espécie continuaria lutando e resistiria a todas as violências e adversidades do mundo exterior. Afinal a vida deve triunfar no final, mesmo que um tirano intolerante ache impossível a convivência entre criaturas diferentes. Esta é uma história verídica, mas poderia ser uma fábula sobre xenofobia e genocídios…

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Malditas Multinacionais

Muitas pessoas acreditam que empresas multinacionais querem prejudicar um país, quando decidem não investir ou descontinuar suas atividades em determinadas regiões do planeta. Na verdade, tudo se baseia no binômio lucro e risco. Meu objetivo, neste artigo, não é fazer uma defesa incondicional destes grupos econômicos, mas levantar alguns pontos para reflexão.

Visão sobre Multinacionais por Rodrigo Minêu

Multinacionais na visão de Rodrigo Minêu

Todos nós fazemos esta análise de risco e lucro ou custo e benefício na nossa vida. Se você tiver R$ 200 mil para aplicar e dois bancos lhe oferecem propostas para fundos de investimento. Um dos bancos é de primeira linha, um dos maiores do Brasil, e paga uma taxa de 1% ao mês, enquanto que o outro é um pequeno banco desconhecido da maioria das pessoas e remunera o capital com o dobro da taxa do grande banco. O que você faria? Colocaria todo seu dinheiro no banco menor, arriscando a perder tudo em caso de uma falência?

A opção da maioria das pessoas seria pela alternativa do grande banco, onde os lucros e os riscos são menores. O mesmo acontece muitas vezes em relação às multinacionais. As empresas procuram países onde haja estabilidade política e econômica, onde as regras não mudem com frequência e exista um judiciário independente. Este é o motivo que hoje é muito mais atraente investir no Brasil do que há vinte anos.
dineheiro na mão

Continuando o nosso exemplo, o Fundo Garantidor de Crédito cobre investimentos até R$ 70 mil em caso de falência da instituição financeira. Neste caso, poderíamos colocar R$ 70 mil no banco menor e os restantes R$ 130 mil no banco maior. Claramente houve uma maximização do lucro e um controle do risco. Você acha que os funcionários do banco pequeno teriam razão em dizer que você deveria investir todo seu dinheiro onde trabalham? Por que então as multinacionais deveriam colocar todo seu dinheiro em países onde podem perder seu patrimônio?

A conclusão deste post é que temos mais um motivo para desejar estabilidade político-econômica e instituições sólidas no país, porque ninguém põe seu dinheiro onde não existe isto. Sem investimentos não há desenvolvimento econômico nem empregos, nem redução da pobreza, nem justiça social.

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