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O Mundo é uma Grande Diversão e Bolsonaro é Nosso Showman

A palavra diversão veio do latim divertere, que significa desviar ou voltar-se em outra direção. Ou seja, virar a cabeça para outro lado para não olhar para suas preocupações. Os militares, por exemplo, usam a palavra diversão no sentido de mudar o foco de atenção do inimigo.

Em Roma, a expressão pão e circo (panem et circenses em latim) surgiu durante o período da República. O pão representa o suprimento dos bens materiais e o circo a diversão.

Jair Bolsonaro, nos seus tempos de deputado federal, sempre se posicionou de modo polêmico e usou estas polêmicas como forma de promoção pessoal. A maioria dos brasileiros imaginava que, como presidente, ele moderaria o tom das suas declarações, mas não é o estamos presenciando.

Eu poderia escrever uma longa lista de ações e frases do atual presidente do Brasil, mas isto seria exaustivo… Daria um livro infinitamente mais denso do que o satírico “Por Que Bolsonaro Merece Respeito, Confiança e Dignidade?”. Neste artigo, citarei apenas algumas para pontuar meu raciocínio.

Livro_Bolsonaro

As alterações propostas nas leis de trânsito foram consideradas absurdas por todos especialistas. Afinal aumentar a pontuação para cassação de CNH de 20 para 40 pontos e acabar com os radares móveis nas estradas só favorecem os maus motoristas. E o que falar sobre o fim da obrigatoriedade das cadeirinhas para condução de crianças em automóveis?

A liberação da posse e porte de armas já era um ponto esperado no governo Bolsonaro. Entre idas e vindas de emissões e revogações de decretos presidenciais, destacaria itens como o incrível aumento da quantidade permitida de munição a ser comprada anualmente, brechas legais para a compra de fuzis e a liberação para adolescentes entre 14 e 18 anos ter aulas de tiro.

E a grande celeuma em relação à Amazônia? O estopim foi a divulgação do aumento no ritmo do desmatamento na região, baseados em dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Bolsonaro disparou esta declaração, apresentada abaixo, sobre o Inpe.

“A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos. Até mandei ver quem é o cara que está na frente do Inpe. Ele vai ter que vir se explicar aqui em Brasília esses dados aí que passaram pra imprensa do mundo todo, que pelo nosso sentimento não condiz com a verdade. Até parece que ele está à serviço de alguma ONG, que é muito comum.”

A resposta do ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi contundente.

“A primeira coisa que eu posso dizer é que o sr. Jair Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim. Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse País. Ele disse estar convicto de que os dados do Inpe são mentirosos. Mais do que ofensivo a mim, isso foi muito ofensivo à instituição. (…) Fiquei realmente aborrecido, porque na minha opinião ele fez comigo o mesmo jogo que fez com Joaquim Levy (que pediu demissão do BNDES após também ser criticado em público por Bolsonaro). Ele tomou uma atitude pusilânime, covarde, de fazer uma declaração em público talvez esperando que peça demissão, mas eu não vou fazer isso. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos. Eu sou um senhor de 71 anos, membro da Academia Brasileira de Ciências, não vou aceitar uma ofensa desse tipo. Ele que tenha coragem de, frente a frente, justificar o que ele está fazendo. É uma ofensa de botequim. Não vou responder a ele e ele que me chame pessoalmente e tenha coragem de me dizer cara a cara isso.”

Ricardo-Galvao

Ricardo Galvão

Bolsonaro despreza as questões ambientais, inclusive já afirmou que elas importam “só aos veganos que comem só vegetais”. Como resultado das ações (ou falta delas), a Alemanha e a Noruega congelaram suas contribuições ao Fundo Amazônia, totalizando um prejuízo de 288 milhões de reais. Só a Noruega, doou 3,2 bilhões de reais para a preservação da Amazônia nos últimos dez anos. Para coroar, Bolsonaro mandou a seguinte mensagem para a primeira-ministra alemã:

“Eu queria até mandar um recado para a senhora querida Angela Merkel, que suspendeu 80 milhões de dólares para a Amazônia. Pegue essa grana e refloreste a Alemanha, ok? Lá está precisando muito mais do que aqui”.

Alguns dias depois, também mandou um recado para a Noruega.

“A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós. Pega a grana e ajuda a Angela Merkel a reflorestar a Alemanha.”

Vou pular a história do cocô…

Outra faceta (poderia ser “fasceta”) é o caráter autoritário e o culto à ditadura militar brasileira. Sobre este assunto, destaco duas frases recentes. A primeira é sobre o Coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI no início dos anos 70 (período mais duro da ditadura), acusado de chefiar pessoalmente, de forma sádica, várias sessões de tortura.

“É um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer.”

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Eduardo Bolsonaro, vestindo uma camiseta em homenagem ao Coronel Brilhante Ustra.

Para atacar o atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, fez uma frase em que deu a entender que sabe o que aconteceu com o pai de Felipe, desaparecido em 1974.

“Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu durante o período militar, conto para ele.”

Vou pular também a indicação do seu filho, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos…

Para concluir esta seleção de frases, no final do mês de julho, Bolsonaro fez a seguinte declaração:

“Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com (a eleição de) 2022, não dava essas declarações.”

Talvez ele não tenha realmente uma estratégia. Ou talvez, sua estratégia seja continuar agradando seus fiéis eleitores. Eu, particularmente, acredito que ele, consciente ou inconscientemente, está inserido numa estratégia maior e mais elaborada. Ele é o responsável pela diversão para o que está acontecendo no país. Ele é o showman. A recuperação da economia patina. Reformas passam pelo Congresso Nacional com o rótulo de imprescindíveis para a salvação do país. Quem discutiu com a profundidade devida o impacto da reforma da Previdência Social sobre os mais pobres? Trabalhadores braçais com baixa escolaridade conseguirão se aposentar aos 65 anos? A viúvas pobres conseguirão sobreviver dignamente com pensões inferiores a um salário mínimo? Só ouvíamos que era preciso economizar um trilhão de reais. Por quê? Veremos milhões de idosos sem teto, morando nas ruas das cidades brasileiras, nos próximos dez ou vinte anos, se nada for feito. Mas só discutíamos as declarações e propostas absurdas de Bolsonaro.

Alguém sabe alguma coisa sobre a minirreforma trabalhista, contida na chamada Medida Provisória da Liberdade Econômica? E sobre a permissão de mineração nas terras indígenas? E assim por diante…

Para contrapor uma crítica direta à sua pessoa, ao seu governo ou a um resultado ruim de alguma política pública, Bolsonaro geralmente apoia sua resposta em, pelo menos, uma falácia lógica. E lá vem aquela ladainha de falar do Lula, do PT ou da esquerda…

Bolsonaro reiteradamente exprime uma opinião de que as minorias devem se submeter à vontade da maioria. Prega, desta forma, uma espécie de ditadura da maioria. Assim quer acabar com a esquerda (“esquerdalha”, segundo seu vocabulário) ou quer retirar direitos dos índios à demarcação de terras. O seu viés autoritarista lhe impede de compreender que, em regimes democráticos, as minorias desamparadas devem ser protegidas independentemente do desejo da maioria.

Não é sem motivo que Bolsonaro se autodefine como o personagem de desenhos animados Johnny Bravo. Eu assistia este desenho no canal Cartoon Network com meu filho Leonardo no início dos anos 2000. Johnny Bravo era um loiro musculoso, pouquíssimo inteligente e completamente “sem noção”. Está bem, Bolsonaro não é loiro, nem musculoso…

Bolsonaro_Johnny-Bravo

Eric Hobsbawm, no seu livro Era dos Extremos, apresenta uma associação da direita liberal com o fascismo entre as duas Grandes Guerras Mundiais para evitar a expansão do comunismo soviético em alguns países europeus. Na sequência a extrema direita traiu os liberais. Os nazistas de Hitler se apoderaram da Alemanha; e os fascistas de Mussolini, da Itália.

Desta vez, minha impressão é que os neoliberais usarão toda a força de Jair Bolsonaro para atrair os holofotes para seus disparates, enquanto fazem as reformas que julgam corretas. Se em um determinado momento, ele atrapalhar mais do que ajudar, será escolhido algum motivo para afastá-lo através de um processo de impeachment. Não tiraram Dilma devido a pedaladas fiscais?

Enquanto isso, assistiremos a ataques contra a universidade pública, aos órgãos de proteção ambientais, aos direitos dos trabalhadores mais pobres…

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Nova Intervenção Militar no Brasil – 1º de Abril

Hoje se completa 50 anos do golpe que levou os militares brasileiros ao poder em 1º de abril de 1964. Nossos militares tentaram puxar a data para o dia 31 de março para evitar piadas a respeito…

Vejo cada vez mais pessoas nas redes sociais, pedindo uma nova intervenção militar devido aos níveis alarmantes de corrupção do atual governo. Muitas destas pessoas têm menos de 40 anos. Ou seja, quando o regime militar encerrou seu ciclo em 15 de março de 1985, tinham no máximo uns 10 anos. Não foram às ruas na campanha das “Diretas Já”. Não viveram a expectativa pela possibilidade de um novo golpe militar na madrugada da véspera da posse de Tancredo Neves, quando ele foi internado para uma cirurgia de emergência. Não viveram sob o regime da censura da produção cultural e dos meios de comunicação. Não tiveram aulas com um agente do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) infiltrado como “colega”, em alguma cadeira como, por exemplo, EPB (Estudo dos Problemas Brasileiros). Não acompanharam cassações de políticos por apenas fazerem discursos fortes contra o regime militar. Também não ouviram histórias sobre prisões arbitrárias, exílio, tortura e desaparecimento de pessoas.

Para aqueles que já esqueceram ou não sabem, selecionei algumas histórias. Vou começar pela censura. Hoje falamos que nunca houve tanta corrupção e desmando no Brasil, mas nos esquecemos de que atualmente temos abundância de fontes de informação. Através dos “portais da transparência”, é possível fiscalizar as despesas dos três poderes nos âmbitos municipal, estadual e federal. As principais estatais têm ações na Bolsa de Valores de São Paulo, o que obriga a comunicar os atos relevantes e publicar seus resultados trimestralmente. Existem revistas com as mais diversas tendências da direita à esquerda. Temos Internet com suas redes sociais e blogs com a divulgação das mais variadas opiniões e informações sobre tudo. Na época do regime militar, estávamos restritos a jornais impressos, rádios e poucas redes de televisão, onde apenas os amigos do regime conseguiam as concessões estatais para explorar as emissoras de rádio e TV.

Muitos jornais que se atreviam a divulgar alguma notícia que desagradava o regime eram censurados. No início para mostrar que a notícia foi censurada, deixavam enormes espaços em branco. Os militares não gostaram daquela afronta e exigiram que o espaço fosse ocupado. Alguns jornais resolveram ocupar estes espaços com receitas culinárias ou poesias. Segundo o jornal “O Estado de São Paulo”, entre agosto de 1973 e janeiro de 1975, versos de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, apareceram 655 vezes nas páginas do Estadão.

Versos de “Os Lusíadas” no Estadão

Versos de “Os Lusíadas” no Estadão

A censura também atingiu a cultura. Chico Buarque foi um dos mais censurados na época. Uma de suas músicas censuradas mais emblemáticas foi “Apesar de Você” que parece ser uma inocente música sobre um conflito entre dois namorados, mas, na verdade, era uma crítica ao governo Médici. Clara Nunes inocentemente gravou esta música e, para limpar a barra com os militares, teve que cantar até na abertura das Olimpíadas do Exército em 1971. Você pode ouvir a interpretação de Clara Nunes de “Apesar de Você” e “Fado Tropical”.

Outro cantor e compositor muito censurado foi o brega Odair José. Os censores não se limitavam apenas às questões políticas, mas também aos costumes. O governo iniciava uma campanha de controle da natalidade, não gostou do refrão da música “Uma Vida Só” que dizia “pare de tomar a pílula” e censurou a música.

Era preciso manter o país livre da ameaça causada por qualquer coisa que ameaçasse os valores das famílias. Esta atitude paternalista levava à censura de músicas, filmes, jornais e revistas.

O pior mesmo foram as torturas e mortes durante o período da ditadura militar. Vou comentar apenas dois dos vários casos conhecidos – Rubens Paiva e Vladimir Herzog.

Rubens Paiva foi um deputado federal cassado em 1964 logo após o golpe militar. Em 1971, foi preso em sua casa, torturado e assassinado nos porões do DOI-CODI no Rio de Janeiro. Há alguns dias, o coronel reformado Paulo Malhães admitiu que liderou uma operação na qual os restos do corpo de Rubens Paiva foram desenterrados na praia do Recreio dos Bandeirantes e lançados em alto-mar. Dias depois no depoimento na Comissão Nacional da Verdade (CNV), ele negou que havia participado desta missão, mas admitiu que participou de torturas na chamada “Casa da Morte”, localizada em Petrópolis na serra carioca.

Rubens Paiva com seu filho, o escritor Marcelo Rubens Paiva

Rubens Paiva com seu filho, o escritor Marcelo Rubens Paiva

O que falar então do caso do jornalista Vladimir Herzog que foi preso, torturado e morto no DOI-CODI em São Paulo? A foto de Herzog morto em uma simulação grotesca de suicídio se transformou no símbolo da luta pelo fim da ditadura militar no Brasil.

Vladimir Herzog morto no DOI-CODI

Vladimir Herzog morto no DOI-CODI

Os regimes totalitários, de qualquer matiz ideológica, podem até começar com boas intenções, mas, depois de um tempo, o mais importante é se manter no poder, não importam os meios. Já escrevi um artigo sobre um caso ocorrido em 1968, no qual o brigadeiro João Paulo Burnier criou um plano onde haveria uma onda de atentados e a culpa recairia sobre os comunistas. A ação heroica do militar Sérgio Macaco, que denunciou o esquema, evitou uma tragédia, onde centenas de pessoas morreriam.

Winston Churchill, em um pronunciamento em 1947 disse uma frase célebre:

– “A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.

Quase 70 anos depois que Churchill disse esta frase, a situação não mudou. A democracia é um sistema imperfeito, a jovem democracia brasileira pode possuir mais imperfeições ainda, mas não existe como melhorar a democracia fora do estado direito, sem liberdade de expressão. O povo tem muito mais força do que imagina e todas as vezes que a usa faz valer sua vontade. O resultado da votação do “Marco Civil da Internet” na Câmara Federal, na semana passada, foi a mais recente prova disto. Infelizmente o povo brasileiro não exerce seus direitos frequentemente.

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O “Não” Heroico da História Brasileira

Faz mais de 30 anos que eu li o livro “Admirável Mundo Novo” (título original “Brave New World”) de Aldous Huxley. Foi a primeira vez que li sobre um sistema político autoritário baseado na estabilidade política e social. A sociedade criada por Huxley era dividida em castas determinadas através de seleção genética e controle do processo da gestação e educação.

Mais tarde, li dois livros de George Orwell , “A Revolução dos Bichos” (título original “Animal Farm”) e “1984”. No primeiro livro, os animais se rebelam contra os donos da fazenda devido à exploração e aos maus-tratos a que eram submetidos. Com o passar do tempo, uma nova classe dominante de porcos é criada e as condições dos outros animais ficam até piores do que antes. No livro 1984, o mundo estava dividido em três grandes países em conflito. O sistema era muito autoritário e os cidadãos eram controlados por telas e câmeras instaladas nas casas. Quem via e controlava tudo era o Grande Irmão (o famoso Big Brother).

Aldous-Huxley_George-Orwell

Nestes três livros, tínhamos uma série de coincidências:

– havia um grupo dominante que se instalou no poder;
– a propaganda oficial era muito forte para convencer a população;
– os dissidentes eram tratados brutalmente – banidos, presos, torturados e mortos;
– inimigos externos e internos eram criados ou, pelo menos, maximizados para desviar a atenção do povo.

Este é manual de qualquer sistema ditatorial. Lembro um caso ocorrido no Brasil em 1968 na época da ditadura militar. O brigadeiro João Paulo Burnier criou um plano de criar uma série de atentados para responsabilizar a oposição ao regime. Inicialmente seriam colocadas bombas nas portas de agências do Citibank, de lojas da Sears e da Embaixada dos Estados Unidos para parecer que eram ações de comunistas contra alvos americanos. Na sequência, seriam realizadas duas grandes ações simultâneas, as explosões da Represa de Ribeirão das Lajes e do Gasômetro de São Cristóvão no Rio de Janeiro. O primeiro alvo deixaria o Rio sem abastecimento de água e, muito pior, a explosão do gasômetro deveria ser feita na hora do rush às 18 horas para causar milhares de vítimas. Para finalizar, aproveitando o caos que se instalaria após os atentados, 40 personalidades seriam sequestradas e assassinadas.

Brigadeiro João Paulo Burnier

Brigadeiro João Paulo Burnier

Burnier escolheu o Para-Sar (paraquedistas do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento) da Aeronáutica e contou o plano para seu comandante, Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, mais conhecido como Sérgio Macaco. Ele rejeitou imediatamente a missão, mas o brigadeiro convocou uma nova reunião com a presença de outros oficiais que participariam da execução do plano, quando explicou que em três casos eles deveriam matar:

– na guerra para cumprir uma missão;
– na guerra civil contra revolucionários;
– em tempos de paz para cumprir missões contra os adversários.

Sérgio Macaco com seus colegas da Aeronáutica

Sérgio Macaco com seus colegas da Aeronáutica

Burnier perguntou aos oficiais se concordaram com a missão. Os quatro primeiros disseram que “sim”. Sérgio Macaco disse que concordava com os dois primeiros casos, mas que considerava o terceiro “imoral, inadmissível a um militar de carreira”. Só não foi preso ou morto naquele momento devido aos seus subordinados que estavam presentes e neutralizaram os demais soldados armados na sala. Ele denunciou o esquema para as maiores autoridades militares do país. O atentado não foi realizado, mas Sérgio Macaco foi exonerado, perdendo seu emprego na Aeronáutica.

No Panteão da Pátria e da Liberdade localizado em Brasília, existe o chamado “Livro dos Heróis da Pátria”. Com certeza, Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho deveria ter seu nome gravado neste livro, porque ele agiu dentro de uma ética e de patriotismo irretocáveis. O número de vítimas evitadas devido a sua posição firme foi enorme e o Brasil poderia ser sofrido uma ditadura muito mais sangrenta aos moldes do que aconteceu, por exemplo, na Argentina.

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