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São Paulo “Atacama” – Aproveitamento de Água da Chuva e Reuso de Água Já!

Na quarta-feira passada, terminamos a instalação de um sistema de aproveitamento de água da chuva, composto de calha para a coleta de chuva do telhado de nossa casa e tubulações para encaminhá-la até um tanque de 2 mil litros. Antes de entrar neste tanque, a água passa por um filtro e um separador de chuva fraca (mais poluída). Poderemos recuperar, dependendo da quantidade de chuvas, entre 6 e 15 mil litros de água por mês. Veja as fotos abaixo.

Sistema coleta agua chuva

Eu e Claudia estamos à disposição para ajudar a implantar sistemas de coleta de água da chuva como este se sua casa estiver localizada nas proximidades de Cotia. Especificamos o sistema e contamos com uma equipe com experiência neste tipo de instalação.

Nestes últimos meses, escrevi dois artigos sobre a seca em São Paulo e a inércia do governo de São Paulo para combater seus efeitos. No primeiro, em setembro do ano passado, mostrei que a situação rumava para o caos com a redução acelerada das reservas de água do estado, apesar do governador Alckmin negar o óbvio por motivos eleitorais. No segundo artigo, um mês depois, apresentei várias medidas para reduzir o consumo de água, inclusive a coleta de água da chuva.

O governo pede que a população economize água, mas o mais impressionante é que as sugestões não fogem do lugar comum: escovar os dentes ou fazer a barba de torneira fechada, tomar banhos mais curtos, não lavar calçadas e automóveis. Claro que estas medidas ajudam, mas é muito pouco para reverter o atual quadro da estiagem no estado. Precisa-se de ações que disponibilizem mais água em curto espaço de tempo, como a coleta de chuva e o reuso da água cinza (máquinas de lavar roupa, chuveiros e pias). Não podemos esperar, no mínimo dois anos, que um sistema sofisticado e caríssimo seja implementado para tratar as águas poluídas da Represa Billings. As outras obras já anunciadas pelo governo estadual só começarão a entrar em funcionamento no final de 2015. Como conseguiremos superar o período de estiagem que começará em abril?

Se o poder público não toma as decisões necessárias para tentar reverter a situação dramática causada por esta seca, cabe a nós cidadãos achar boas alternativas para reduzir o consumo de água. O diretor da Sabesp para a região metropolitana de São Paulo, Paulo Massato, citou a possibilidade de um “rodízio drástico” de até cinco dias sem água por semana. Você já imaginou ter água na sua torneira apenas dois dias da semana?

Para ter uma ideia mais clara da dimensão da crise hídrica paulista, apresento um raio-X que preparei sobre a queda das reservas de água nos principais sistemas de reservatórios de São Paulo.

Seca_SP_Tabela_31-01-15
Seca_SP_Grafico_31-01-15
Seca_SP_Reservas_31-01-15

Como pode ser visto o segundo volume morto do Cantareira deve acabar em março. Existe a possibilidade de usar uma terceira reserva de 41 bilhões de litros da Represa Atibainha, mas esta medida aumentaria o disponibilidade de água do Cantareira em apenas 4,2 pontos percentuais. Ou seja, daria uma sobrevida somente até abril. O Sistema Alto Tietê deve secar no primeiro semestre de 2015, junto com o Sistema Rio Claro. O Guarapiranga, que está em melhores condições graças às chuvas deste verão, deverá ter a retirada de água aumentada devido ao colapso do Cantareira e Alto Tietê, provavelmente não chegará com água até a próxima estação das chuvas, em dezembro deste ano. O pequeno Alto Cotia segue a mesma tendência do Guarapiranga.

Agora começamos a estudar o reaproveitamento da água da máquina de lavar roupa. Medimos o gasto de água por ciclo completo de lavagem e chegamos a 90 litros por ciclo. No nosso caso, a lavagem de roupas pode ser responsável por quase metade do consumo mensal de água! Se sua máquina tem abertura superior fica fácil aproveitar a água do enxágue final como água da primeira lavagem das roupas. Infelizmente, nossa máquina tem abertura frontal, mas vamos criar um sistema para reduzir seu consumo e apresentaremos a solução aqui no nosso blog.

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São Paulo “Atacama” – As Medidas que Evitariam a Crise de Abastecimento de Água

Há um mês escrevi um artigo sobre a situação crítica dos reservatórios de água em São Paulo e a falta de medidas efetivas do governo do estado. Hoje gostaria de comentar as possíveis alternativas técnicas que reduziriam o consumo de água nas residências, escolas, hospitais e empresas.

Começo revisando a tabela que apresentei no mês passado. Como pode ser visto na tabela abaixo, o Sistema Cantareira continua seguindo fielmente a tendência e deve ter a sua primeira reserva consumida integralmente em três semanas, o que está alinhado com a declaração feita na semana passada pela presidente da SABESP, que ironicamente também se chama Dilma. Ela disse que a primeira reserva do Cantareira seria totalmente consumida em meados de novembro, mas o governador Geraldo Alckmin desmentiu a informação e anunciou mais um bônus na conta de água. Uma medida inócua para a gravidade da situação.

Seca_SP_Tabela_21-10-14

O segundo “volume morto” do Sistema Cantareira será consumido em pouco mais de dois meses, se as chuvas não ajudarem. Ou seja, esta reserva terminaria na segunda quinzena de janeiro. A reserva do Sistema Alto Tietê seria consumida até o final de 2014. Também preocupa, nesta nova tabela, a aceleração do consumo nos sistemas Rio Claro e Guarapiranga que seriam totalmente consumidos, respectivamente, até meados de janeiro e final de fevereiro. Ou seja, a situação é gravíssima e, se as chuvas não forem abundantes neste verão, entraremos no período de estiagem com a maioria dos reservatórios vazios.

Independente das chuvas, uma série de medidas deveriam ser implantadas. A primeira e mais óbvia é combater os vazamentos e ligações ilegais. É também inevitável racionar água e, infelizmente, cortar a água para irrigação. Após a seca no verão passado, o governo do estado, com auxílio dos bancos estatais, poderia ter aberto uma linha de financiamento de longo prazo para substituir os sistemas tradicionais de irrigação por sistemas de gotejamento (muito mais eficientes). Agora teremos quebra de safra, especialmente dos hortifrutigranjeiros, com redução da oferta e aumento dos preços.

A captação da água da chuva é outra medida que ajudaria muito. Bastaria encaminhar a água dos terraços e telhados para tanques e cisternas. Esta água seria usada para regar gramados, hortas e jardins ou lavar calçadas. Com ou pequeno tratamento, também poderia ser usada na descarga dos vasos sanitários. Para ter uma ideia do volume de água potável que poderia ser economizado, siga meu raciocínio. A intensidade da chuva é medida em milímetros, onde um milímetro é equivalente a um litro por m². Considere uma casa que ocupe 100 m² de um terreno. Se em um mês de estiagem chovesse apenas 50 mm, esta casa captaria 5 mil litros de água da chuva. Esta é uma medida relativamente simples e poderia ter sido incentivada pelo governo estadual.

como-diminuir-o-consumo-de-agua

Outra forma de economizar água potável é não usá-la na descarga dos vasos sanitários e mictórios. As águas que sobram de atividades domésticas como tomar banho, lavar louça ou roupas são conhecidas como água cinza. Normalmente apresentam baixa contaminação com microrganismos patogênicos e podem ser tratadas, cloradas e usadas nas descargas de vasos.

Alguns efluentes industriais tratados também podem ser usados para irrigação.

Além destas ideias existem milhares de outras. Assista ao vídeo abaixo, onde a universidade peruana UTEC criou um gerador de água potável a partir da umidade do ar e instalou o equipamento em um outdoor na periferia da capital Lima. A produção mensal foi de aproximadamente 3 mil litros por mês e abasteceu uma comunidade carente.

Talvez você possa pensar que agora é tarde demais para implantar projetos e medidas como as listadas acima. Na verdade, nunca é tarde para fazer a coisa certa. Se as medidas que listei neste artigo forem implantadas, seremos muito mais sustentáveis e será possível acelerar a recuperação dos mananciais hídricos do estado, quando as chuvas voltarem. Normalmente as crises são oportunidades para melhorarmos, mas se ficamos inertes, confiando apenas na sorte, o perigo pode crescer ao ponto de inviabilizar nossas atividades ou até mesmo o poderoso estado de São Paulo.

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