Ontem começou um festival de carne de cachorro na cidade chinesa de Yulin, no qual dez mil animais serão comidos até o final deste evento. Muitos grupos protestaram e abaixo-assinados eletrônicos com milhões de adesões circularam pela Internet, pedindo o cancelamento deste festival, sem sucesso.
Ficamos chocados com crueldades contra animais de estimação como cães e gatos. Não admitimos que sejam mortos para alimentar humanos. Carne de cavalo é muito pouco consumida no Brasil, mas no país existem matadouros que exportam este tipo de “iguaria” para alguns países europeus como, por exemplo, França e Itália. Parece que a proximidade com os cavalos, vistos usualmente à frente de carroças que circulam pelas ruas das cidades brasileiras, torna sua imagem mais concreta e impede o consumo de sua carne. Por outro lado, não se tem a mesma sensibilidade em relação aos bois, porcos e galinhas.
Lembro-me do caso da filha de um colega que parou de comer coração de galinha, quando descobriu que o coração de galinha era de uma galinha. Muitas pessoas têm a incrível habilidade de abstrair a informação sobre a origem do pedaço de carne que comem, desvinculando-a completamente do animal morto. Parece que o presunto não vem do porco, o filet mignon não vem do boi ou o coraçãozinho não vem da galinha.
O mini porco parece ser mais uma destas oportunidades de tomada de consciência das pessoas. Ao adotar porcos, seres mais inteligentes do que os cães, como animais de estimação, ficará difícil consumir sua carne. Estes porquinhos de estimação viverão entre 15 e 20 anos, muito mais do que os leitõezinhos das ceias de fim de ano mortos com um mês de vida ou os demais porcos de corte, abatidos aos quatro meses.
Controle de população … vamos comer caes e gatos. Matar a fome dos brasileiros!
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Oi Neyr!
Vou aproveitar a ironia / sarcasmo do teu comentário para fazer algumas breves considerações.
Nem no romance “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, a família de retirantes considerou comer sua cachorrinha de estimação, Baleia, apesar da fome. Por outro lado, comiam qualquer outro animal que encontravam preás e aves (arribações e avoantes). Meu primeiro ponto é só são comidos animais sem vínculos emocionais com humanos.
Meu segundo ponto é, em caso de fome, vale quase qualquer coisa para saciá-la, incluindo cães e gatos.
Para encerrar, o problema da fome do Brasil estava em queda, tanto que se discutia a questão da segurança alimentar, principalmente, em relação a qualidade nutricional dos alimentos. A questão da quantidade de calorias parecia superada. Para se resolver esta questão da fome podemos retomar programas que funcionaram no passado, além de investimento em educação.
Abraço.
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È vero, amigo Vicente.
Semana passada vi uma loja de Veneza vendendo carne de cavalo em diferentes formas. Achei muito estranho e até tirei uma foto. Esquisito demais.
A ideia dos mini porcos de estimação é atualmente difundida, aliás já é moda entre algumas celebridades. Também lembro daquele filme de tempos atrás “Babe, um porquinho atrapalhado”, que apesar do título, mostrava certa astúcia do animalzinho que até falava. Esse filme ganhou Oscar.
Percebi que aqui na Itália o consumo de carne é bem menor que no Brasil (óbvio, principalmente no RS, né tchê???). Certamente, pois a disponibilidade de oferta deve ser muito menor e consequentemente o preço bem maior. O foco aqui é a massa/pão, os queijos e “muito” embutido, como deves saber. Tenho visto bastante frutos do mar (meio normal pois estou na beira do Mar Adriático). Mesmo assim aqui se come mais carne que na Inglaterra, que onde fiz quase abstinência de carne por três meses há uns 17 anos atrás.
Lembrei do (quase insignificante, mas existente) consumo de carne de jacaré, mais comum no Centro Oeste do Brasil.
Sobre a barbárie do consumo de carne de cães e gatos, não podiam fazer isso. Tudo bem que há carência de alimentos em alguns locais, mas acho que não podemos chegar nesse ponto. Eu tenho um cão de estimação, um ente da família que tem o carinho e o respeito de todos. Apesar da sua aparência ser muito “sugestiva”, não podemos nem pensar em vê-lo dentro de um pão de hot dog… Hehehe
Tá na hora dos países desenvolvidos estabelecerem programas de fomento à agricultura em áreas até então não exploradas, pois a demanda por alimento é muito maior que a oferta e barbaridades como esta viram solução. Desse jeito, daqui a pouco o canibalismo ganha força…
Parabéns pelos posts. Porque não falou mais sobre a água? Não podemos deixar esse assunto pro próximo período seco…
Grande abraço, amigos Vicente e Cláudia.
Enviado do meu iPhone
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Grande Marcelo! Nosso correspondente especial na Itália!
Fizeste um belo apanhado das tuas vivências em relação à carne por onde passaste nestes anos.
A questão de comer carne é muito interessante. Hoje qualquer pessoa pode ser plenamente saudável sem ter carne ou outros produtos de origem animal na sua dieta. Por conta do consumo crescente de carne e derivados do leite, cada vez mais áreas são plantadas com culturas que servirão como ração de animais. Se toda a humanidade virasse vegana hoje, seria possível alimentar toda população projetada em 2050, em torno de 9 bilhões de pessoas, sem aumentar a área plantada atual em um único hectare.
O consumo de carne está muito ligado ao prazer e a cultura local. Gaúchos, argentinos e uruguaios comem muito mais carne, através do churrasco ou parrilla, do que seria saudável, mas diriam que isto faz parte de suas culturas. Um chinês poderia dizer que come carne de cachorro, porque seus ancestrais já faziam isto. O pantaneiro come carne de jacaré, porque comer os animais selvagens do Pantanal faz parte da sua cultura. Os franceses e italianos comem carne de cavalo pelas mesmas razões. Imagina se os uma tribo de canibais falasse a mesma coisa e, por razões culturais, o comportamento alimentar fosse aceito?
Quando falamos de cães e gatos, nos chocamos, porque são animais próximos e desenvolvemos sentimentos em relação a eles, mas sinceramente, Marcelo, será moralmente pior acabar com a vida de um cachorro para servir de alimento para um chinês do que matar um porco para servir de alimento para um brasileiro? A proximidade com certos animais gera empatia e nos torna sensíveis ao sofrimento destes animais. Muitas vezes, os animais de estimação viram membros da família, como disseste no teu comentário. Este foi o motivo que citei os mini porcos, porque, se as pessoas passarem a ter porcos como animais de estimação, não vão comer sua carne. O porco seria o mesmo, mas o sentimento humano em relação ao porco mudaria.
Já está programada a publicação de um post sobre a crise hídrica de São Paulo no início de julho, quando será apresentado o raio-X do primeiro semestre de 2015.
Valeu, amigão! Grande abraço para ti e tua família!
Vicente
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