A noite de sábado não foi simplesmente “Another Saturday Night”, antigo sucesso de Cat Stevens. Eu e a Claudia fomos assistir ao show de Yusuf Islam, nome adotado por Cat após sua conversão ao Islamismo, aqui em São Paulo. O início já foi incrível, Yusuf entrou no palco sozinho com seu violão e cantou “Moonshadow” do mesmo jeito dos tempos de Cat. Esta é uma das suas músicas preferidas daquela fase, porque fala da superação das limitações pessoais. A propósito qual foi a última vez que você viu sua sombra sob o luar?
Na sequência, ele cantou “Where do the children play?”, com a presença da sua banda a partir da metade da música. Gosto muito desta música, eu aceito e aprecio o desenvolvimento tecnológico, mas sempre tenho receio com o distanciamento das coisas mais simples e puras da vida, como fala o refrão:
I know we’ve come a long way.
We’re changin’ day to day,
But tell me, where do the children play?
Depois se sucederam vários clássicos como “I love my dog” do primeiro disco de 1966 e a verdadeira “The first cut is the deepest” da mesma época. E vieram ainda dos tempos do Cat Stevens “The Wind”, “Morning Has Broken”, “Foreigner Suite”, “Don’t Be Shy”, “Oh Very Young” e a libertária, otimista e pacifista “Peace Train”, além da “All You Need Is Love” dos Beatles. As músicas da fase Yusuf tinham a qualidade e harmonizavam com os clássicos.
Antes de falar do bis gostaria de relembrar um pouco da história do inglês Steven Demetre Georgiou que já foi Cat Stevens e agora é Yusuf Islam. Após um início fulminante de carreira, em 1969, com cerca de vinte anos de idade, contrai tuberculose, quase morre, e fica praticamente um ano internado recuperando-se da doença. Torna-se uma pessoa mais espiritualizada, suas músicas passam a falar mais de paz e harmonia. Alguns anos depois, em 1976, ele tem a experiência definitiva, após quase morrer afogado na praia de Malibu, na Califórnia, sentindo que não se salvaria, faz a promessa:
– Deus, se Você me salvar, eu trabalharei para Você!
Coincidência ou não, uma onda o levou para a praia no instante seguinte à promessa… Seu irmão lhe presenteou com uma edição traduzida do Al Corão. Ele estuda e decide se converter ao Islamismo, abandona a carreira artística e passa a se dedicar às causas humanitárias. Apenas recentemente volta a lançar discos e fazer shows.
A voz de Yusuf, aos 65 anos de idade, continua incrivelmente igual à do tempo do Cat. Talvez a abstinência de álcool e drogas tenha ajudado muito. E agora chegamos ao bis do show, quando ele interpreta dois megassucessos “Father and Son” e “Wild World”.
A história de um filho que quer sair de casa para buscar seus próprios rumos e de um pai que deseja que seu filho fique é tocante. Sempre me emociono ao ouvir a música, talvez porque consigo me identificar com os dois papéis. Música linda com uma linda interpretação!
Para finalizar de forma apoteótica, interpreta “Wild World” com palmas e coros da plateia. Foi um lindo show, de um artista que semeia paz e harmonia. Deu-me uma carga extra de equilíbrio na semana na qual estaremos de mudança para nossa nova casa em Cotia. Vou precisar…
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