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Houve um Dia em que Queríamos Ser Herois

Sábado passado representou para mim o início do último final de semana  antes do meu retorno ao Brasil. Resolvi dar uma olhada no evento da cidade de Saskatoon nesse dia: Broadway Street Fair. Em primeiro lugar, a Broadway daqui não lembra a nova-iorquina e o principal atrativo era a venda dos mais variados artigos com descontos especiais. Em outra área da Feira, havia shows com bandas locais de rock, nenhuma muito promissora… No cruzamento entre duas quadras, foi colocado um tablado para apresentações de dança de grupos da terceira idade. Nada diferente do que no Brasil, sempre têm integrantes mais empolgadas e outras sendo arrastadas… Muitos cães passeavam com seus donos por todo o lado, aproveitando o belo dia. Muitas crianças se divertiam das mais variadas formas, fazendo arte em uma tenda, com pintura facial em outra, aprendendo esgrima ou numa curiosa atividade de tortadas na cara.

Broadway Street Fair de Saskatoon, Canadá

Broadway Street Fair de Saskatoon, Canadá

Já havia passado do meio-dia quando decidi almoçar. Procurei um restaurante fechado, porque os canadenses adoram comer em mesas na rua ao vento, invariavelmente sob o sol. Esta atitude deve ser estimulada pelo longo e rigoroso inverno que se abate sobre eles, transformando os raios solares em um produto precioso! Durante o almoço, um enorme caminhão de bombeiros entrou na rua, manobrou e estacionou quase na frente do restaurante. Na mesa do lado, um casal, certamente acima da faixa dos 70 anos, almoçava tranquilamente até o surgimento do caminhão, quando o esposo apreensivo perguntou:

– What’s going on?

Pensei que se fosse uma emergência, os bombeiros não chegariam naquela tranquilidade com a sirene desligada. Passados alguns instantes, muitas crianças aproximaram-se do caminhão e foram convidadas a entrar na cabine. A satisfação dos meninos era evidente.

Bombeiros na Broadway Street Fair de Saskatoon, Canadá

Meninos no caminhão dos Bombeiros na Broadway Street Fair de Saskatoon

Tive meu segundo momento emotivo em menos de uma hora. O primeiro aconteceu quando vi o casal que citei acima almoçando e imaginei eu e a Cláudia juntos daqui a um tempo. Depois, ao sair do restaurante, fiquei uns dez minutos observando as crianças e lembrei que eu, como a grande maioria dos meninos, já sonhei um dia em ser bombeiro, apagar incêndios e salvar vidas. Quando e por que este sonho acabou? Por que simplesmente desistimos de ser herois?

Por mais contraditório que possa parecer, ao invés de me deprimir, a visão das crianças no carro de bombeiros me alegrou, porque mais uma vez provou que a natureza humana essencial é boa, queremos ajudar os outros, almejamos ser herois. Os condicionamentos externos (pais, amigos, escola, televisão) e suas definições do que é ser bem sucedido nos desviam deste caminho mais natural. Afinal bombeiros não têm carrões do ano, nem apartamentos de cobertura ou passam as férias na Europa ou em ilhas paradisíacas da Polinésia Francesa. Eles são mal remunerados, assim como muitos dos herois de carne e osso que convivemos diariamente, porque gerar dinheiro é “mais importante” do que salvar vidas!

Bora Bora

Paradisíaca ilha de Bora Bora na Polinésia Francesa

Existem muitas formas de salvar vidas e nos tornarmos herois, pode ser através da boa educação e orientação das crianças, pode ser através da boa prática da saúde pública ou através do trabalho voluntário. Termino este post, homenageando uma menina que em menos de um mês estará completando 5 anos de idade, minha filha Júlia. Desejo que tu nunca desistas de ser nossa heroína e sempre sirva de exemplo para tua maninha Luiza que em breve estará entre nós.

Julia Lanterna Verde

Júlia como o super-heroi Lanterna Verde

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