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É Mais Fácil Dizer do que Ser Inovador

Hoje muitas empresas adotam slogans empregando a palavra inovação e seus derivados:

· Inovação para a sua empresa em…
· Produtos inovadores para…
· Soluções inovadoras para…

Mas será que a maioria destas empresas são genuinamente inovadoras?

Inovação é definida nos dicionários como sendo uma descoberta, uma criação, uma invenção ou a introdução de alguma novidade. Em termos empresariais, inovação é toda e qualquer nova solução que gere mais valor para o cliente, necessariamente traduzida em ganho econômico.

As inovações ou invenções podem ser divididas em três classes:

1. Invenção de ruptura, onde são criados produtos totalmente novos que ainda não apresentam demanda do mercado. Embora esta classe de invenções seja extremamente desejável, a estratégia dos negócios de uma empresa não pode basear-se apenas nesta forma de desenvolvimento por depender de muitos fatores imprevisíveis. A Sony, por exemplo, desenvolveu nos anos 70 uma invenção de ruptura, o videocassete Betamax, enquanto a JVC criou a tecnologia VHS. Apesar de muitos experts acharem o sistema da Sony melhor, o mercado adotou o formato VHS.

Anúncio de Lançamento do Sony Betamax

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2. Invenção de aperfeiçoamento do conceito, onde são feitas melhorias e extensões de linhas de produtos existentes, tornando mais adequada sua introdução no mercado. Normalmente é o passo seguinte à invenção de ruptura. Neste caso, o mercado já existe, havendo um nível de previsibilidade muito maior do que na classe de invenção anterior.

3. Invenção de necessidade, onde se busca preencher uma necessidade não satisfeita. Neste caso, a invenção será responsável pela satisfação de uma demanda percebida dos clientes. Assim sendo, a habilidade da empresa de entender as reais necessidades dos clientes aumentará a sua probabilidade de sucesso.

Em muitas empresas, inovação é sinônimo apenas de invenção de ruptura. E aí começam os problemas, porque como vimos acima existem muitos fatores que a empresa não tem controle neste tipo de desenvolvimento.

Para apoiar esta estratégia, a base de tudo é a cultura empresarial, onde é criado um ambiente propício para inovação. A tolerância ao erro e a disposição de correr riscos são fatores indispensáveis. Mas a cultura não é tudo, também é fundamental a capacitação da equipe, em termos de formação acadêmica e treinamento em conhecimentos específicos. O terceiro ponto é o treinamento em técnicas e ferramentas para o gerenciamento de projetos.

Base para a Inovação

Base para a Inovação

Infelizmente muitas das empresas que se dizem, ou melhor, alardeiam para o mercado que são inovadoras não apresentam nenhum destes três itens da base comentados acima. Acreditam em soluções mágicas, não toleram erros, não investem em treinamento, cortam gastos de P&D e esperam resultados fabulosos em curto prazo. Neste caso, sugiro a contratação do funcionário apresentado abaixo.

Professor Pardal

Professor Pardal

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A Chance de Resolver Todas as Mazelas Chama-se: Projeto Novo!

Como dizem os economistas, as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto que os recursos são finitos. Esta regra tão fácil de ser entendida muitas vezes é desafiada durante a execução de projetos. Em muitas empresas, a aprovação de capital para investimento é vista como a oportunidade para resolver problemas que não estão ligados diretamente a esta autorização.

Um dos maiores expoentes desta filosofia é o Engenheiro francês “Jaquê”. “Já que” trocaremos o tanque, vamos aproveitar e arrumar todo o piso e recuperar as paredes.

Podemos dizer que o projeto que envolva aumento de produção nasce de uma necessidade definida através do Business Case. Partindo deste documento, a equipe do projeto define quais são os requisitos e restrições a serem seguidos. O escopo é progressivamente detalhado.

Tudo isto parece muito simples, mas, na vida real, existem muitas armadilhas a serem evitadas. Neste post, destacarei dois pontos que o gerente do projeto deve ter especial atenção.

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Sempre devemos buscar opções para minimizar os investimentos sem agregação de valor. Deste modo, a efetividade dos investimentos será aumentada. O gerente deve verificar as oportunidades para redução dos investimentos. Podemos pensar, por exemplo, em alugar um armazém ou contratar uma empresa de logística ao invés de construir um novo depósito. Estoques geralmente oneram os custos das empresas, reduzindo a lucratividade dos negócios.

Outro ponto é a execução dos projetos sem mudanças. Engenheiro são seres que têm novas ideias frequentemente. Afinal sempre existe um jeito de fazer melhor! Na medida em que o projeto avança, os equipamentos são adquiridos e montados, as mudanças causam aumentos indesejáveis de custos e atrasos nos cronogramas de implantação. A figura abaixo nos mostra que a hora da criatividade é na etapa inicial do projeto. Os custos para corrigir erros na etapa final do projeto normalmente são altos.

Custo_Mudancas

Influência das Partes Interessadas e o Custo das Mudanças ao Longo do Tempo do Projeto (Fig. 2-2, PMBOK 2008)

Sempre digo que existem três motivos que podem levar a alterações de projeto:

  1. Existe um risco grave de segurança de processo que pode causar acidentes (com lesões nos funcionários ou perdas patrimoniais) ou contaminações (problemas de saúde ocupacional ou ambientais).
  2. O projeto não vai atender as premissas estipuladas pelo Business Case.
  3. Foi descoberta uma nova solução genial que vai melhorar significativamente o retorno do investimento.

Apenas o primeiro é mandatório! O segundo e o terceiro motivos devem ser analisados através do sistema de controle integrado de mudanças. Talvez o mais importante seja o prazo para iniciar a produção. Neste caso, estas alterações ficarão registradas para serem aproveitadas no futuro.

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O que é o Sucesso de um Projeto?

Na sexta-feira passada, fiz uma apresentação no VI Seminário de Gerenciamento de Projetos PMI-RS. O título da palestra era “Sete Fatores Críticos para o Sucesso de um Projeto Industrial”.

Hoje todos buscam o sucesso incessantemente. Não tenho a ambição de fazer um estudo amplo sobre as dimensões do sucesso nas mais variadas situações e em diferentes sociedades. Isto seria uma tarefa para filósofos, sociólogos, psicólogos e outros profissionais que estudaram profundamente a mente humana e seu comportamento social.

Gostaria de discutir algo bem mais simples. O que é sucesso em projetos?

A definição clássica de sucesso técnico em projetos está apresentada abaixo.

Restrições Clássicas para o Sucesso em Projetos
Restrições Clássicas para o Sucesso em Projetos

 

Ou seja, se for atingida a qualidade especificada, dentro do prazo e do custo estipulado, teremos atingido o tão almejado sucesso…

Todavia existem muitos casos onde temos pleno sucesso nestas três restrições e o benefício para a empresa fica aquém do esperado. Qual foi o erro?

Harold Kerzner afirma que, além de atender esta tripla-restrição, o gerente de projeto deve ter mais atenção ao valor que o projeto produzirá para a organização. Este valor pode ter diferentes dimensões, dependendo do negócio em que a empresa está inserida. Obviamente a dimensão financeira é uma das mais importantes.

Como os cenários estão em constante transformação, o gerente deve estar permanentemente ligado e sempre questionar se o projeto como está concebido continua fazendo sentido em termos de agregação de valor para a empresa. Ou seja, sucesso do empreendimento é muito mais do que simples sucesso técnico!

O gerente do projeto deve ter uma ligação forte com seus clientes internos e externos para satisfazê-los. Caso contrário, poderemos ter um gerente de projetos com comportamento “beija-flor” que comentei no post anterior. O empreendimento traz resultados financeiros pífios, mas atinge as metas de qualidade, prazo e custo. O gerente diz no final do projeto com o peito estufado:

– Eu fiz a minha parte. A culpa foi da pessoal da área de marketing ou da área comercial…

Não importa! Todos estão no mesmo barco e a empresa, por conta deste fracasso, talvez tenha que cortar custos e restringir os investimentos do próximo ano.

Outro desafio para empresas e profissionais é aumentar a eficácia na escolha e no gerenciamento de projetos. Paul Dinsmore resume simplesmente como “right project done right”.

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