Deus nos Livre do Politicamente Correto!

Ontem revi a comédia dramática francesa “Intocáveis” (Intouchables). O filme mostra o relacionamento entre o milionário tetraplégico Phillippe, vivido por François Cluzet, e seu ajudante, o negro senegalês Driss, atuação sensacional de Omar Sy.

Intocaveis

O melhor do filme é o humor politicamente incorreto de Driss ao fazer piadas, todo tempo, sobre as limitações de Phillippe. Você pode ver abaixo algumas situações no trailer do filme.

Muitas vezes o politicamente correto confunde-se com educação. Sinceramente eu não gosto desta tendência. Todos nós temos diferenças e semelhanças. Deste modo, devemos tratar todos com educação, entendendo que os direitos são os mesmos, apesar das diferenças e limitações de cada um. O que seria melhor, em termos de educação, chamar de negro ou afrodescendente? Em minha opinião, não é preciso criar outra designação para o negro, porque dizer que um negro é negro, não representa um desrespeito.

O humorista brasileiro Geraldo Magela, por exemplo, sempre diz que não é deficiente visual, na verdade ele é cego! Do mesmo modo, não vejo problema de chamar um surdo de surdo, ao invés de deficiente auditivo.

O ceguinho Geraldo Magela

O ceguinho Geraldo Magela

Eu sempre brinco que o Saci Pererê seria descrito, de acordo com esta onda, como um jovem afrodescendente com necessidades especiais.

Acho que fui vacinado contra esta forma de agir no segundo grau, quando tive um colega paraplégico, o Éden. Nós fazíamos tudo junto com ele. Muitas vezes ele era o goleiro do nosso time de futsal. Lembro-me de um jogo no qual uma bola chutada de fora da área acertou a roda da sua cadeira e foi encaminhando-se lentamente para o gol. O Éden não hesitou, saltou no chão para fazer a defesa, alcançou a bola logo após ela ter cruzado a linha do gol, mas o juiz não confirmou o gol, nem os adversários reclamaram. Nosso time vibrava, enquanto o outro time manteve um silencioso respeitoso. Afinal seria injusto não premiar aquele esforço…

A nossa festa de formatura foi realizada em um clube de Porto Alegre. No final da noite, a galera começou a pular na piscina. Alguém encostou no Éden e perguntou se ele sabia nadar. Como a resposta foi afirmativa, imediatamente ele foi arremessado na água.

Foto da Formatura de  2º grau do Colégio Sévigné (Éden está de terno e gravata no centro)

Foto da Formatura de 2º grau do Colégio Sévigné (Éden está de terno e gravata no centro)

Edén era levado para todos os lados, numa época que ninguém falava em acessibilidade, sempre havia escadas a serem vencidas, e ele normalmente participava de todas nossas festas e atividades extraclasse. Da mesma forma, Driss fazia Phillippe sentir-se integrado e vivo apesar das suas limitações. Esta é uma das graças da vida, ser natural com todas as pessoas, ter educação sem criar o distanciamento do politicamente correto e ter um sorriso para todos. Em troca, receberemos aquela energia positiva que as pessoas nos transmitem quando gostam da nossa presença. Todos ganham!

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Arquivado em Arte, Ética, Cinema, Gestão de Pessoas, linkedin, Psicologia

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