Há um ou dois meses, participei de um pequeno debate no Facebook sobre o gasto de verbas para publicidade da Prefeitura de Novo Hamburgo. Por exemplo, a campanha “Eu Cuido, Nós Cuidamos” atinge várias mídias simultaneamente, como outdoors espalhados pela cidade, inserções nas programações de emissoras de rádio locais e da capital, além de anúncios em jornais.
Sou contra este tipo de propaganda com jeito de campanha eleitoral em todas as esferas da administração pública. Qual é o benefício para a população desta despesa da Prefeitura de Novo Hamburgo? Esta verba não seria melhor empregada na saúde, educação ou simplesmente na manutenção das esburacadas ruas da cidade? Quando isto é feito de modo continuado, pode deixar grupos de comunicação dependentes do dinheiro do Estado. Assim esta empresa passaria a ter conflitos de interesses. Como poderia dar notícias negativas sobre um cliente importante? Ficaria sempre aquela dúvida de que se esta notícia fosse publicada, o jornal ou a rádio poderiam perder o dinheiro com a publicidade oficial. Mesmo que isto não ocorra, sempre os leitores, ouvintes e telespectadores poderiam ter esta dúvida.
A pior consequência desta prática é, sem dúvida alguma, a autocensura. Um dos participantes do debate, que mencionei no início de post, fez uma ótima colocação sobre este relacionamento:
– Não importa o partido que habita aquele prédio. Tanto faz. Desde a antiga Arena, passando por PMDB, PDT e agora o PT. O cliente é o patrão. Os interesses não mudam, são os mesmos. Reclamam quando querem censurar a imprensa. Mas quando a imprensa faz sua própria censura???
Quando isto ocorre, estes grupos de comunicação fazem propaganda positiva diária. Fatos negativos são minimizados ou omitidos. Solenidades para “inauguração” de alicerces de prédios públicos ou abertura de buracos para troca de adutoras de água potável são noticiadas com pompa. Uma atmosfera rósea em torno do poder público é criada.
Já defendi no meu blog o financiamento público das campanhas eleitorais, no post sobre o filme Tropa de Elite 2. Agora defendo que os governos só possam gastar verbas com publicidade em campanhas realmente de utilidade pública. Chegou a hora de acabar com esta mistura promíscua do público com o privado. Não podemos mais aceitar esta troca de favores, onde o dinheiro público escoa pelo ralo. Infelizmente o lobby dos grandes grupos da área de comunicação não permitirá que esta ideia prospere facilmente. Mais uma vez só com forte apoio popular será possível avançar nesta área.
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Essa percepção de que o prefeito Tarcísio Zimmermann está exorbitando nos gastos de propaganda inócua, ou seja, sem qualquer utilidade para a população de Novo Hamburgo, vem se difundindo entre um grande número de pessoas esclarecidas, que estão repassando tais constatações a seus amigos e vizinhos, desmascarando esse cidadão que nada fez de importante nos três anos de gestão, a não ser a propaganda de obras federais e privadas, como se fossem de sua autoria, o que é totalmente improcedente.
Urge que a comunidade se organize, e encaminhe à Procuradoria de Prefeitos o requerimento de que seja instaurada imediata investigação dos atos desse gestor público.
Aproveito o ensejo para transmitir que publiquei seu artigo em meu blog e estou compartilhando nas dezenas de grupos de que participo no FB, além do twitter, diHITT e orkut
Abraço!
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Grato pelo apoio!
Esta é a luta de todos os cidadãos de Novo Hamburgo e do Brasil. Devemos exigir que o dinheiro arrecadado através dos inúmeros impostos que pagamos seja bem empregado. No início de dezembro, o presidente da Câmara de Vereadores de NH, Leonardo Hoff, comentou que no orçamento de 2010 foi previsto um investimento de R$ 130 milhões, mas foram investidos apenas R$ 57 milhões. A Prefeitura é ineficiente e ainda tenta lucrar com as obras do Trem (verbas federais) e da nova rede de alta tensão (investimento privado da AES Sul. Agora o dinheiro previsto para gastar em publicidade já foi, pelo menos, empenhado.
Abraço!
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Em NH temos certeza do patrocínio do jornal pela prefeitura, tanto a atual como as anteriores. É vergonhoso. Notícias de corrupção, sumiço de dinheiro, etc, simplesmente não aparecem no jornal. Um amigo jornalista comentou que em qualquer grupo grande é assim, nenhum jornal importante aqui do Sul dá p/ confiar… mas que o resto do Brasil deve ser igual. Bom para o povo que continua sendo manipulado… Concordo que as propagandas públicas deveriam ser proibidas… mantidas somente campanhas educacionais e pela saúde.
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Cláudia,
Não tenho como avaliar a real profundidade da relação do Grupo Sinos, responsável pelo Jornal NH, e a Prefeitura de Novo Hamburgo. Por outro lado, vejo muitas propagandas oficiais e cadernos pagos pela Prefeitura publicados periodicamente neste jornal. Desde que iniciei uma luta para esclarecer a instalação de linhas de alta tensão da AES Sul pelas ruas de Novo Hamburgo (links dos posts estão abaixo), percebi que o Grupo Sinos não tinha a imparcialidade que apregoa. Afinal apenas uma notícia extremamente positiva para a Prefeitura e AES foi publicada durante toda a mobilização feita por comerciantes, moradores, alguns vereadores da Câmara Municipal, ACI-NH e Ministério Público Federal. Não tenho condições de avaliar, se este posicionamento é motivado por razões ideológicas ou econômicas,
Vemos o mesmo acontecendo nas emissoras de televisão e revistas de circulação nacional. Só existe uma forma de mudar esta situação, cortar os gastos com publicidade dos governos municipais, estaduais e federal. Desta forma, esta relação suspeita entre os governos e os grupos de comunicação poderá ficar mais transparente. A população será a principal beneficiada, porque terá acesso à informação mais confiável e os governos terão mais verbas para investimentos prioritários: educação, saúde e infraestrutura.
Beijo,
Vicente
https://vicentemanera.wordpress.com/2011/06/23/redes-de-alta-tensao-sobre-nossas-cabecas/
https://vicentemanera.wordpress.com/2011/07/28/audiencia-publica-de-esclarecimentos-sobre-a-rede-de-alta-tensao-em-novo-hamburgo/
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