A Caça aos Culpados

Um processo praticado em muitas empresas é a chamada caça aos culpados, quando alguma coisa sai diferente do planejado. Nestes casos, temos uma nova máxima:

– Errar é humano. Perdoar não é a política da companhia.

Nestas empresas, ser escalado para fazer parte do time de um projeto normalmente é visto como um fardo pesado, porque os resultados sempre ficam muito aquém do prometido. E como sempre a diretoria pede um nome para imolar, lá vai nosso bode expiatório…

Abaixo está apresentada a clássica figura das seis etapas de um projeto.

Fases-Projetos

Segundo o Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos no Brasil em 2008 do PMI, 62% dos projetos não cumprem os prazos estabelecidos. As principais causas para os atrasos encontradas neste estudo estão listadas abaixo:

– indefinições ou mudanças no escopo;
– problemas de comunicação;
– má avaliação dos riscos;
– recursos humanos insuficientes;
– concorrência entre o dia-a-dia e o projeto.

Normalmente o problema não está materializado em uma única pessoa, mas sim no processo de execução dos projetos da empresa. Algumas das principais características destas empresas estão apresentadas abaixo:

– mudanças frequentes de prioridades;
– descrédito no planejamento;
– informalidade excessiva;
– indefinição das responsabilidades;
– falta de comprometimento e postura reativa dos funcionários;
– visão de curto prazo, centrada apenas no resultado do mês;
– falta de abertura para discussão;
– elevado turnover (rotatividade de funcionários).

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O importante é achar um culpado…

Para quebrar este círculo vicioso, a mudança deve começar pela alta administração. Ela deve se dar conta do que está ocorrendo e investir em treinamento e na melhoria do clima organizacional. Este não é um processo rápido, exige muita disciplina. Pode demorar algum tempo para a colheita dos primeiros frutos, mas uma base sólida para a obtenção de resultados sustentáveis será construída a partir deste ponto.

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11 Comentários

Arquivado em Gerenciamento de Projetos, Gestão de Pessoas, linkedin

11 Respostas para “A Caça aos Culpados

  1. Tenho uma micro empresa e tive alguns problemas com colaboradores pois é um salão de beleza onde as pessoas tem uma certa flexibilidade. Eu trabalho como cabeleireiro e gestor ao mesmo tempo e percebi um pouco tarde que fazer as duas coisas ao mesmo tempo não dá certo, resultado: fui procurar culpados mas o único culpado fui eu, mas deu tempo de reverter a situação.

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    • Claudio,
      Este é outro ponto importante, antes de procurar os problemas nos outros, devemos nos autoanalisar para ver o que podemos fazer melhor. Muitos problemas são gerados pelas atitudes do líder.
      Abraço.

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  2. Carlos R V Bertolini

    Acredito que a caça aos culpados, poderia ser amenizada, quando temos um chefe presente, sem a famosa prepotência.
    Não adianta colocar metas absurdas; prazos impossíveis de serem alcançados e principalmente, ter uma ótima comunicação!
    Abraço,
    Carlos Roberto

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    • Carlos Roberto,
      Com certeza, deve haver abertura para discussão entre o gerente e sua equipe. O problema é aquele tipo de chefe que age como aquele rei que mandava cortar a cabeça dos mensageiros que lhe davam más notícias. No final, os problemas não são mais discutidos e o desastre é certo.
      Abraço.

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  3. Márcio

    E difícil obter resultados com a equipe preocupada com a questão de prazos onde uma unica pessoa será o bode expiatório e ira pagar o preço, caso aconteça algo errado. Partindo do principio que todos envolvidos saibam seus papeis na execução do projeto, tendo um líder que observe e tenha conhecimento técnico e que possa servir de mediador de resolução de problemas e direcionamento da equipe. Mas treinamento e integração da equipe e comprometimento de todos envolvidos, faz com que o projeto cumpra seu prazo.

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    • Márcio,

      O problema é que, muitas vezes, são estipulados prazos e orçamentos sem uma base técnica consistente. A direção da empresa libera os recursos e, apenas neste momento, a equipe do projeto é montada. A chance de haver desvios nestas previsões inicias é altíssima. Se não houver abertura para discutir estes desvios, oriundos do detalhamento do projeto, teremos no final um bode expiatório para ser imolado como responsável por todas as mazelas do projeto.

      Concordo com você, treinamento, integração da equipe e comprometimento de todos são fundamentais. Eu acrescentaria que para um projeto ter sucesso também precisa de líder e um sponsor realmente participativos que encarem os problemas de frente.

      Abraço.

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  4. As “Fases do Projeto” estão hilárias! E, realmente, acontence. Pense no papelo do Líder de Projeto em tentar evitar que isso aconteça. Tentar evitar que saia um erro e que busque um culpado.
    Vi uma vez em uma tirinha do Dilbert que foi contratado um Bode (Animal) para ser o culpado de tudo no projeto!! rsrrs Aceite qualquer projeto, se der errado a culpa é do Bode! Dá pra acreditar? rsrs

    Ótimo Post!

    Forte Abraço!
    Renato Borges
    http://qualidademanaus.wordpress.com
    http://renatobs.wordpress.com

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  5. Ricardo Amaral

    Concordo plenamente.
    Acontece que em função do dinamismo atual e em função da Globalização, muitas decisões são tomadas sem a consulta das bases, ou melhor, das subsidiárias.
    As empresas, apesar de Globais, tem suas peculiaridades regionais e isso vem sendo desreipeitado por decisões top/dow.
    Muito se perde com a confusão dos processos e com o alto turn over.
    Muito dinheiro se perde no meio do caminho devido a falta de continuidade e de plaanejamento a longo prazo.

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  6. Jefferson

    Parabéns!

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    • Incógnito (por motivos óbvios)

      Parabéns pelo artigo !
      Desconfiei por um momento que você estava mencionando a empresa e o projeto onde estou trabalhando atualmente. – rsss
      Repassei para os meus colegas .. pelo menos teremos um assunto diferente para comentar do que ficarmos nos lamuriando de que “as coisas podiam ser diferentes e mais organizadas por aqui” . -rrs Abraços !

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      • Entendo a situação de vocês. Quando eu fiz um mestrado profissional há uns dez anos, achava que só a empresa onde eu trabalhava tinha problemas. Descobri que os problemas eram parecidos, mudava apenas a intensidade.

        Na verdade, a situação só melhora quando a alta direção se compromete e busca a resolução dos problemas sem “caçar culpados”, mas isto é uma revolução cultural na empresa.

        Na prática, o projeto quando nasce deve ter um sponsor realmente comprometido com o sucesso do empreendimento, onde a comunicação deve ser aberta sem restrições.

        Boa sorte, abraço!

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