Em agosto do ano passado, na hora do jantar, chegou a notícia da morte do ator Robin Williams. Na sequência, foi revelado que o ator americano havia se suicidado. Lembramo-nos de vários filmes de Williams, onde a mensagem otimista era a tônica. Ele passava por uma profunda depressão e, naquele momento, preferiu acabar com a própria vida.
Robin Williams tinha condições de levar a cabo seu desejo de não viver mais, mas existem pessoas que precisam de ajuda para ter suas vontades atendidas. Para estas pessoas cada dia de vida é um sofrimento terrível e a morte seria um verdadeiro alívio. Questões éticas e morais inexplicáveis impedem que os desejos destas pessoas sejam atendidos e cada um passa a seguir sua própria “Via Crúcis”.
Na edição de 19 de julho de 2014 da revista The Economist, havia um artigo sobre o suicídio assistido. Leia a história abaixo.
Depois de sofrer um acidente vascular cerebral numa viagem de negócios, Tony Nicklinson, um ex-jogador de rugby e paraquedista, desenvolveu síndrome do encarceramento, uma doença incurável que deixa o paciente consciente, mas incapaz de se mover ou falar. Nicklinson aprendeu a se comunicar através do piscar os olhos e, assim, foi capaz de descrever seu terrível sofrimento. Preso em sua cela corporal sem nenhuma chance de escapar, ele queria morrer. Mas como a Grã-Bretanha não permite o suicídio assistido, o seu “pesadelo de vida” continuou.
Em poucos lugares do planeta, o suicídio assistido é legal: nos chamados Países Baixos (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), na Suíça, no Canadá, onde a Suprema Corte do país derrubou recentemente a proibição, e em cinco estados norte-americanos.
Na Holanda e na Bélgica, inclusive há regulamentação aplicável a crianças e adolescentes com idade entre 12 e 16 anos. Você pode pensar que aí já é demais, mas veja esta outra história que li ontem no site da BBC Brasil. Valentina Maureira tem 14 anos e sofre de fibrose cística, uma doença hereditária, degenerativa e incurável que afeta seus pulmões, fígado e pâncreas.

Valentina Maureira
Valentina publicou um vídeo no seu perfil do Facebook, onde faz o seguinte apelo à presidente chilena, Michelle Bachelet:
– Peço com urgência para falar com a presidente, porque estou cansada de viver com esta doença e ela pode autorizar a injeção para que eu durma para sempre.
A menina já perdeu o irmão mais velho, que morreu aos 6 anos de idade, e um grande amigo, companheiro de tratamento no hospital. Para a reportagem da BBC, ela disse as seguintes frases:
– Ele era um dos meus melhores amigos e, mesmo dando 100% de si, sofria. Vê-lo morrer me chocou.
– São 14 anos de luta, todos os dias, e para minha família tem sido pior. Estou cansada de seguir lutando, porque vejo sempre o mesmo resultado. É muito cansativo.
– É sobre a minha qualidade de vida. É isso que não tenho.
Como a eutanásia e o suicídio assistidos são proibidos no Chile, o sofrimento de Valentina deve continuar…
Se você ficou curioso sobre o desfecho do caso do inglês Tony Nicklinson, leia a tradução do final do artigo do The Economist.
Depois de ter sido negado o direito de morrer pela alta corte da Grã-Bretanha em 2012, ele recusou comida e finalmente sucumbiu à pneumonia.
A questão fundamental a ser discutida é o direito das pessoas de viverem e morrerem com dignidade. A maioria dos Estados modernos, incluindo o brasileiro, é laica. Assim questões religiosas não deveriam obstruir o livre arbítrio das pessoas sobre a interrupção de suas próprias vidas. Forçar uma pessoa a viver em constante sofrimento revela uma completa falta de compaixão e misericórdia.
Fontes:
http://www.economist.com/news/leaders/21607854-most-people-western-world-favour-assisted-suicide-law-should-reflect-their
http://www.economist.com/news/international/21607888-small-group-countries-helping-someone-die-not-crime-where-go-die
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150226_chile_apelo_hb
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