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“A Culpa foi da Aeromoça!”

Desde que as companhias aéreas brasileiras iniciaram a cobrança para despachar bagagens no check-in dos aeroportos, a quantidade de malas e mochilas levadas para o interior dos aviões aumentou muito. Consequentemente, os bagageiros estão cada vez mais cheios, o que pode acarretar problemas de segurança, atrasos e descontentamento dos passageiros. Relato dois casos que aconteceram comigo nas últimas duas semanas que exemplificam os riscos aos quais estamos expostos a bordo das aeronaves.

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No dia 15/04, embarquei no voo LA3005 da LATAM do Aeroporto de Congonhas para São José do Rio Preto. Retirei um livro da minha mochila, antes de guardá-la no bagageiro sobre minha cabeça. Sentei na poltrona do corredor e comecei a ler o livro. Passado alguns minutos, outros passageiros colocaram suas bagagens de mão no mesmo compartimento. De repente ouvi uma senhora gritando:

– Vai cair!

Fechei o livro e o coloquei sobre minha cabeça. Uma pequena pasta, com alguma coisa pesada dentro, raspou no livro, caiu sobre o braço da poltrona e acabou no meio do corredor. Minha cabeça foi salva pelo esplêndido livro de Eric Hobsbawm, Era dos Extremos…

Era-dos-Extremos_Eric Hobsbawm

O comissário de bordo recolocou a pasta no bagageiro. A porta do compartimento foi fechada e, logo após o pouso, um comissário de bordo disse as tradicionais mensagens através do sistema de som da aeronave:

– Por medida de segurança, permaneçam sentados até que o aviso de “atar cintos” seja desligado.

– Tenham cuidado ao abrir o compartimento de bagagens para a retirada dos seus pertences de mão. Eles podem ter se deslocado durante o pouso e a decolagem.

Como acontece invariavelmente, a maioria das pessoas não dá a mínima para estas orientações. O sinal de apertar cintos de segurança ainda estava acionado e as pessoas já estavam se levantando para apanhar seus objetos. A mesma pasta despencou do bagageiro e bateu na minha coxa esquerda. Ao invés de um pedido de desculpas, ouvi do passageiro que abriu o compartimento a seguinte frase:

– O cara da TAM arrumou mal a bagagem…

E eu só respondi:

– Por que a pressa?

Uma semana depois, eu estava em um voo da mesma companhia aérea, no mesmo horário, para o mesmo destino.

Após o estacionamento do avião, levantei, coloquei minha mochila sobre a poltrona e estava guardando meu livro, quando uma garrafinha de alumínio caiu do bagageiro e atingiu minha cabeça. Uma jovem tinha puxado a mochila dela e empurrou a garrafa. Ela olhou para mim e disse:

– Foi a aeromoça que colocou minha mochila em cima e soltou a garrafa.

Em nenhum dos dois casos consegui dizer “tudo bem”, porque seria muito falso dizer isso. Não estava “tudo bem”, pelo contrário… O que realmente me irritou foi a terceirização da culpa. Nenhum dos dois passageiros teve o cuidado, na situação adversa que se encontram os compartimentos de bagagens dos aviões, de procurar minimizar o risco de queda de objetos na cabeça de outros passageiros.

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Trajetória típica de um objeto caindo do compartimento de bagagens na cabine de passageiros de um avião.

Por outro lado, tenho presenciado o stress a que são submetidos os comissários de bordo das aeronaves para tentar acomodar as bagagens e os passageiros o mais rápido possível para reduzir atrasos nas decolagens. Na verdade, todos somos responsáveis pela segurança própria e das outras pessoas que nos rodeiam. Devemos cuidar uns dos outros.

Por que a pressa de se levantar, abrir o compartimento de bagagens e resgatar seus objetos pessoais? As pessoas atualmente vivem com uma pressa inconsequente e inexplicável. A tampa do bagageiro deveria ser aberta com cuidado e a bagagem (muitas vezes, pesada) só deveria ser retirada quando a pessoa estiver em frente dela e com as duas mãos livres. Assim, o risco de acidentes com ferimentos potencialmente graves poderia ser minimizado.

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O Meu Pequeno Acidente ou o Meu Quase-Grave-Acidente

Depois de assistir a um seminário na cidade mineira de Sete Lagoas, estava dirigindo um automóvel alugado em direção do Aeroporto de Confins. Já havia passado por trechos que cruzam áreas urbanas de pequenas cidades. A pista da MG-424 é estreita, não tem acostamento, tem inúmeras lombadas nas áreas urbanas. Felizmente existem melhorias em curso no asfalto e na sinalização.

Trecho da Rodovia MG-424

Dirigi em longas filas até passar pela cidade de Pedro Leopoldo, onde a pista, apesar de ondulada e mal sinalizada, é duplicada. O GPS mandou eu dobrar para a esquerda, mas, além de não ser possível naquele ponto, eu me lembrava que deveria acessar a alça de um viaduto no lado direito. Segui mais um pouco em frente, o GPS recalculava a rota e eu procurava alguma placa que indicasse a estrada para Confins. A pista estava vazia e eu me aproximava de um viaduto, procurei alguma placa que indicasse o destino daquele acesso. Finalmente vi que ainda não era o desejado, quando olhei novamente para frente, vi que iria bater no meio-fio de um canteiro, que por sinal já estava bem avariado, não tinha mais tempo para evitar o choque. A roda dianteira direita bateu forte e o automóvel ficou apoiado apenas nas rodas do lado esquerdo. Felizmente voltou a ficar com as quatro rodas na pista, corrigi o traçado e segui em frente.

Meu automóvel ficou em duas rodas como este da foto

Primeiro pensei que se estivesse em velocidade mais alta provavelmente a capotagem seria inevitável. A partir desse momento as consequências seriam imprevisíveis. O pneu também não estourou… Parecia que meu anjo da guarda tinha ajudado!

Quando parei para abastecer alguns quilômetros à frente, desci do carro e vi os estragos. A roda dianteira direita estava profundamente marcada, o pneu estava com um rasgo na lateral; e a calota, completamente destruída.

O acidente, apesar das consequências quase desprezíveis, tinha potencial para ser muito grave, Se houvesse outro automóvel ou caminhão o choque seria provável com risco elevado de ter alguém ferido, incluindo este blogger.

Acidente ocorrido na MG-424 em maio de 2011

Como sempre acontece nestas ocasiões, tirei algumas lições do quase-grave-acidente:

  • Primeira – nunca devemos reduzir a atenção enquanto dirigimos, especialmente em um estrada ou rua em que não estamos familiarizados.
  • Segunda – a vida é imprevisível, assim por melhor que nós planejemos ou tentemos controlá-la, sempre poderão ocorrer fatos que trazem rumos jamais imaginados.
  • Terceira – a vida é frágil e pode terminar a qualquer momento, assim devemos vivê-la com intensidade. Não estou falando em pular de paraquedas ou nadar com tubarões. Se pudermos fazer algo importante hoje, não devemos deixar para o incerto amanhã.

Termino este post da mesma forma que encerrei outro, Em Busca da Felicidade, lembrando as palavras de sábio Hilel, líder religioso judeu. “Se eu não faço por mim, quem fará? E quando eu faço por mim, o que eu sou? Se não for agora, quando será?”

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