Esperei uns dias para escrever sobre a surpreendente derrota do Inter para o Mazembe do Congo na semifinal do Mundial de Clubes em Abu Dhabi. Óbvio que o resultado me deixou muito chateado, afinal a expectativa pela conquista do Bi era muito grande.
Muitos dizem que esta é a maior derrota do Colorado em todos os tempos, mas eu particularmente não concordo. O pior momento da história centenária do Inter foi a derrota para o Olímpia na semifinal da Libertadores de 1989. Naquela ocasião, o Inter buscava um título que o igualaria ao seu maior rival, o Grêmio. Tivemos muitos momentos difíceis na década seguinte, quando conquistamos apenas uma Copa do Brasil.
No basquete ou no vôlei, se um time é muito melhor do que o outro, certamente ganhará. Quando um time joga melhor, tem mais volume de jogo, será o vencedor. Já no futebol, um time pode ser dominado durante os noventa minutos, sofrer uma pressão incrível e, em apenas um lance, pode ganhar a partida. Este é um dos atrativos deste esporte, onde Davi pode derrotar Golias.
Dois jogos coincidentemente com o mesmo placar, 3 x 2, e com circunstâncias semelhantes me mostraram isto. Inter e Olímpia do Paraguai, já citado acima, e a derrota da seleção brasileira para a italiana na Copa de 82 na Espanha foram muito injustas. Ensinaram-me que não existem deuses no futebol, premiando o time que joga melhor e busca a vitória todo o tempo, mesmo quando um simples empate já é suficiente para garantir a classificação. Estes jogos foram responsáveis pela redução da minha sensibilidade em relação às derrotas futebolísticas. Assim consigo encarar derrotas com mais serenidade.
Desde 2006, o Inter ganhou todos os títulos internacionais disponíveis e estas conquistas não serão diminuídas por este fracasso. A direção do clube deve extrair os ensinamentos, levantar a cabeça e pensar no futuro.
O primeiro ponto é não se poupar para um grande momento, quando existem outros momentos importantes para viver até este dia. Talvez, se houvesse mais empenho para vencer o Campeonato Brasileiro, estivéssemos festejando uma conquista que a torcida espera há mais de trinta anos. O Mundial seria a cereja do bolo de uma temporada maravilhosa! Mas, após o gol do Mazembe, os jogadores sentiram o peso de mostrar que os quatro meses de preparação foram justificados, incluindo o abandono da maior competição nacional. Em 2011, o Inter tem que entrar para ganhar a Libertadores, o Brasileirão e, se tivermos chance, o Mundial sem reduzir a atenção dada à competição nacional.
O Inter deve trocar peças para qualificar o elenco em termos técnicos e motivacionais. Devem ser criadas oportunidades para as jovens promessas. Jogadores, que apresentam desempenho abaixo do esperado ou que estejam desmotivados, devem ser negociados ou dispensados. Acredito que o atual treinador, Celso Roth, não terá condições de motivar e liderar o elenco na Libertadores que já se iniciará em fevereiro. A direção deve buscar alguém que saiba e goste de trabalhar com jovens para renovar o elenco. Se não conseguirmos ganhar a Libertadores, pelo menos chegaremos ao Brasileirão com o time montado.
O Inter cresceu muito nos últimos cinco anos e este fracasso não deve ser motivo para deter este processo. Ou já esqueceram que o Inter foi eliminado na primeira fase da Libertadores de 2007 após vencer a edição anterior? Continuo acreditando que o Inter vive, como já escrevi um post, um ciclo virtuoso.
Para finalizar este post, gostaria de fazer um paralelo com o Mundial que o Grêmio perdeu para o Ajax em 1995, Claro que sequei o Grêmio e me senti aliviado com a sua derrota. Naquela época o Inter estava enterrado em um lamaçal. Não ganhava títulos importantes e assistia ao Grêmio, levantando taças ou, pelo menos, disputando campeonatos importantes com chances reais de conquistá-los. Ou seja, nós colorados não queríamos que a distância para o Grêmio crescesse ainda mais.
Parece que o sentimento que move os tricolores, depois de quinze anos da conquista da sua última Libertadores é este… O que é aceitável e compreensível por parte dos torcedores. Lamentável foi a postura da nova direção gremista. Dirigentes devem ter um comportamento diferente da torcida. As manifestações públicas devem ser centradas nos interesses diretos do clube. Estas cornetas do presidente Paulo Odone e do vice-presidente do clube Eduardo Antonini servem apenas para criar ressentimentos e ações violentas de torcedores. Não ajudam nem o próprio Grêmio.
Caro Vicente, manifesto-me no teu blog tardiamente, mas como diz o ditado: antes tarde… Bom, se aproxima o 1º aniversário da famigerada derrota do teu Inter para o Mazembe e li o teu texto e o achei muito respeitoso em relação a nós, os gremistas. Só queria fazer uma referência, em 1995, quando fostes secar o tricolor, tu pelo menos sabia o nome de alguns jogadores do Ajax: Van der Sar, Davids, Litmanen, Kluivert, Overmars e os irmãos De Boer, treinados por nada menos que o Prof. Louis Van Gaal. Enquanto que para nós e para o resto do mundo, a pergunta era: qual será a escalação do Inter para o jogo da final? É isso!! É essa a ENORME diferença: enquanto perdemos para o melhor time da época, vocês perderam para um ilustre desconhecido. E esse sentimento foi o mesmo que o Barcelona sentiu em 2006.
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Realmente, li uma vez “é melhor tarde do que nunca, pois nunca é demasiado tarde”. Não importa se passou um ano da derrota do Inter para o Mazembe ou dezesseis da derrota do Grêmio para o Ajax, sempre podemos fazer análises e comparações destes fatos.
Não poderia deixar de respeitar o Grêmio como rival, porque a grandeza do Inter foi motivada pelo Grêmio e vice-versa. Os títulos e os patrimônios dos dois clubes são as provas incontestáveis.
Minha comparação dos dois jogos (Mazembe e Ajax) não foi em relação a qualidade dos adversários, apenas comparei os sentimentos dos “secadores”. Sem dúvida, o Ajax era o melhor time do mundo em 1995, como o Barcelona era o melhor em 2006 com Deco e Ronaldinho jogando um grande futebol. Por outro lado, o Hamburgo em 1983 foi jogar um amistoso de luxo em Tóquio. A história é conhecida, eles deixaram alguns titulares na Alemanha e levaram apenas dois reservas (um goleiro e um juvenil). Jogaram 120 minutos e não fizeram substituições!
Mas este não era o objetivo do post… Eu queria olhar para o futuro que, naquela época, era o ano de 2011. Infelizmente o Inter renovou com o Roth, continuou com uma zaga veterana e lenta, não fez boas contratações para o ataque. Fez escolhas erradas e pagou por isto… O ano não foi muito bom, mas também não foi desastroso.
O teu Grêmio não ganha um título importante há dez anos. Enquanto isto, o presidente gremista continua com os mesmos discursos: Arena, Batalha dos Aflitos, imortalidade, Mazembe… Não serei hipócrita e dizer que desejo um grande 2012 para o Grêmio, mas não quero que a OAS quebre o clube ou que ele seja novamente rebaixado. Um rival forte e saudável é um grande incentivo para nós colorados.
Grande abraço,
Vicente
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Amanda, realmente o Inter jogou pouco contra o Mazembe, mas mesmo assim teve as chances de gol mais claras e venceria a partida se tivesse aproveitado melhor as oportunidades. Como você colocou muito bem, faltou preparo psicológico.
Ontem o Inter renovou com o Celso Roth até o final de 2011. Espero estar errado neste ponto e o Roth consiga motivar o grupo e fazer um grande trabalho.
Abraço,
Vicente
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“Davi pode derrotar Golias”? Nessa partida só consegui ver dois Davis, não na irreverência e garra, mas na PEQUENEZ no futbol, não diria que foi algo decepcionante por estar disputando o bi campeonato, mas que foi revoltante pela falta de qualidade do time adversário que em alguns momentos conseguiu ser igualada pelo grande, porém não preparado psicologicamente Internacional…Abraço.
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