BR-116 – Sem Plano de Contingência na Grande Porto Alegre

Durante os últimos anos, os moradores da Grande Porto Alegre percebem o agravamento da situação do trânsito na BR-116 no trecho da capital gaúcha até Novo Hamburgo. Os congestionamentos são frequentes mesmo fora dos horários do rush. A rodovia encontra-se completamente saturada.

Congestionamento diário na BR-116

Veículos acidentados, ou apenas com panes mecânicas, são retirados da rodovia após longo período de espera, agravando ainda mais a situação. O Jornal NH descreve um acidente que exemplifica estas ocorrências rotineiras.

No dia 8 de abril, a demora para remoção de uma carreta que capotou na BR-116, em Canoas, provocou oito quilômetros de congestionamento. O veículo tombou na primeira hora da madrugada, mas a retirada só ocorreu às 9 horas, e a liberação total, às 11 horas.

Em agosto de 2009, uma carreta carregada com adesivo PVA (cola branca para papel ou madeira) tombou na rodovia e a demora para removê-la causou um engarrafamento de doze quilômetros no sentido interior-capital. A foto deste acidente pode ser vista abaixo.

 

Finalmente anuncia-se que procedimentos mais ágeis serão adotados para a remoção de veículos acidentados e um moderno sistema de monitoramento entrará em operação nos próximos meses. Por outro lado, gostaria de ouvir das autoridades responsáveis que existem planos de contingência para desvio do trânsito devido a bloqueios em pontos críticos da rodovia.

Parece que os motoristas estão expostos à própria sorte. A única ajuda vem de emissoras de rádio que mantém serviço de monitoramento das condições desta rodovia.

Os planos de contingência ou “planos B” descrevem as medidas a serem adotadas por uma empresa para fazer com que seus processos vitais voltem a funcionar plenamente, ou num estado minimamente aceitável, o mais rápido possível, evitando assim uma paralisação prolongada que possa gerar maiores prejuízos. A elaboração do plano nas empresas normalmente contém as seguintes etapas:

– identificação dos processos da empresa;

– avaliação dos impactos dos processos no negócio;

– identificação de todos os processos críticos para a sobrevivência da organização;

– identificação dos riscos e definir cenários possíveis de falha para cada um dos processos críticos;

– listagem das medidas a serem postas em prática em caso da ocorrência de falhas;

– definição das ações necessárias para operacionalização das medidas;

– estimativa dos custos de cada medida;

– definição da forma de monitoramento após a ocorrência da falha;

– definição dos critérios de ativação do plano;

– identificação do responsável pela ativação do plano;

– identificação dos responsáveis pela execução do plano de contingência;

– definição da forma de reposição do negócio à situação habitual.

A BR-116 deveria ser gerenciada de modo que acidentes e grandes congestionamentos não sejam encarados como ocorrências normais. Na verdade, são desvios da normalidade que devem ser prontamente atacados. As responsabilidades devem ser definidas claramente, senão corremos o risco de ficar à mercê da responsabilidade difusa entre o DNIT e a Polícia Rodoviária Federal.

Os investimentos em viadutos e novas vias alternativas são importantíssimos, mas nenhuma empresa resolve seus problemas apenas adquirindo novos ativos, gerenciá-los de forma competente é fundamental para a sustentabilidade do negócio.

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2 Comentários

Arquivado em Geral, Gerenciamento de Projetos, linkedin, Segurança

2 Respostas para “BR-116 – Sem Plano de Contingência na Grande Porto Alegre

  1. Evelyn Papalardo

    Vicente,

    Apenas complementando…
    Se os responsáveis por ajudar-nos em situações como a mencionada por você levassem a sério a movimentação do mercado (na maioria privado) quanto à Gestão de Risco, Gestão da Continuidade de Negócios e até Sustentabilidade não teríamos tantos casos quanto vemos.

    Você mencionou um acidente de trânsito e são tantas as outras ocasiões que se avaliarmos perceberíamos o quanto seria importante ter o Plano B, como você mesmo falou. Tanto a Gestão da Continuidade de Negócios, a Gestão de Riscos e a Sustentabilidade, em resumo e generalizando, orientam para que pensemos no “e depois”, no “e se”, nas falhas, nos imprevistos.

    Quantas tragédias não poderiam ter sido evitadas se um pouco de um destes conceitos fosse levado à sério?! Para percebermos os efeitos de uma mudança na cultura pública para resolver problemas demorará algum tempo, ou elas deveríam ter sido iniciadas há mais tempo. Prevenir e não remediar, mas…

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    • Evelyn,

      Concordo plenamente com o teu comentário. De fato nossa cultura pública é remediar no improviso. A Gestão dos Riscos não é praticada, resultando em prejuízos para toda a sociedade. A consequência para o governo brasileiro é a redução da competitividade do país com a limitação do seu crescimento, levando a um impacto negativo na arrecadação de impostos.

      Mesmo as grandes obras, como as contidas no PAC, buscam apenas resolver problemas já existentes. Quais destas obras foram concebida com uma real visão de longo prazo?

      Esta mudança cultural é realmente demorada, mas para acelerá-la os governos deveriam buscar bons exemplos na iniciativa privada.

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