Todos Conhecem as Sete Perdas, mas Quem se Importa com a Oitava?

Muda é definida no Sistema Toyota de Produção como qualquer atividade que não agrega valor ao processo. As sete categorias de perdas são bem conhecidas por todos.

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Defeitos geram sucatas e retrabalhos. O resultado final pode afetar diretamente o cliente devido ao atraso no recebimento do produto.

Superprodução é simplesmente produzir mais do que o cliente comprou. O resultado é o aumento desnecessário dos estoques.

Transporte de produto sempre é um desperdício de tempo. Além disto, aumenta o risco de perdas.

Espera custa dinheiro. Isto vale tanto para produtos quanto para pessoas.

Estoques de produtos, matérias primas e materiais de consumo oneram os custos financeiros da empresa.

Movimentação de pessoas e equipamentos para a realização de uma etapa do processo ou tarefa não agrega valor ao produto.

Excesso de processamento gera trabalho adicional que o cliente não pediu e não pagou.

Além destas sete categorias listadas acima, existe uma mais perversa. Esta oitava categoria pode ser a causa principal das anteriores: a subutilização das pessoas.

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Encontramos funcionários não engajados por vários motivos como, por exemplo, desmotivação, falta de treinamento, limitação de autoridade ou responsabilidade, controle excessivo da gerência e falta de disponibilidade de ferramentas gerenciais adequadas.

Neste estado, as pessoas passam a aceitar as perdas dos processos como sendo normais, não buscando melhores níveis de desempenho.

17 Comentários

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17 Respostas para “Todos Conhecem as Sete Perdas, mas Quem se Importa com a Oitava?

  1. Barbara Cremm

    Gostei do artigo e, principalmente, das discussões que se seguiram!
    O desperdício da capacidade/criatividade humana é, de longe, o principal problema nas empresas hoje em dia.
    O grande desafio é motivar os próprios gestores a desenvolverem seus colaboradores e isso inclui aqueles que estão no chão de fábrica, sim!; nas raras vezes em que isso realmente acontece a resposta é extremamente positiva!
    O colaborador se sente valorizado e, principalmente, útil, na medida em que é solicitado a desenvolver pequenos projetos de melhoria.
    A parte difícil é fazer o gestor confiar no colaborador, avaliar as idéias propostas e colocá-las, ou não, em prática (fornecendo feedback adequado).
    O processo é, sem dúvida, complexo, mas é possível de ser implementado e é certeza de sucesso para a companhia.
    Abraço!

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    • Bárbara,

      Grato pelo feedback positivo! Os artigos devem ser o ponto de partida para boas discussões.

      Acredito que uma das dificuldades para o envolvimento dos colaboradores, em especial os do chão de fábrica, é a autossuficiência ou a insegurança dos gestores.

      No primeiro caso, o gestor acha que sabe tudo e que um operador não pode ter uma ideia superior a dele. Na segunda alternativa, o gestor pensa na opinião dos outros, porque um “simples” operador solucionou um problema que ele deveria ter resolvido.

      Quando alguém se envolve efetivamente na solução de um problema e obtém sucesso, motiva-se para resolver casos mais complexos. O efeito final é sinergético, porque outros colaboradores passam a ter a mesma postura. No final, todos ganham!

      Abraço!

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      • Tem sido muito enriquecedor este debate para mim.
        Agradeço pelo espaço.
        Novamente conconrdo com o Vicente. No meu pequeno entendimento, acredito que não devam existir Egos na empresa. Quando ele existe compromete as interrelações, pois aflora o orgulho e o egoismo, e criam pré-conceitos. Mas como eliminar este vilão quando quem os detêm e tb detem o poder não tem a intenção de abrir mão dele?

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        • Rubens,

          Grato pela nova participação no blog!
          Não é possível eliminar o orgulho, a vaidade e o egoísmo, mas eles podem ser controlados.
          A maturidade é um fator crítico. O gestor DEVE entender que o sucesso do seu grupo ajudará no sucesso da empresa e será seu sucesso como gestor. E esta conquista será sustentável.
          Se não houver esta consciência, tudo ficará mais difícil.

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  2. Sinceramente não vejo nada demais em não utilizar totalmente a capacidade do trabalhador – o ser humano não é maquina, portanto é impossível dimensionar sua capacidade máxima – penso que a questão é: Qual a qualidade de utilização da mão de obra, aliá este termo deveria mudar em todos os níveis, de mão de obra para “mente de obra”, isso mesmo, mente de obra. As empresas não sabem como utilizar o principal software da empresa, a mente.
    Considero que no caso do trabalhador não há desperdício, mas sim mau aproveitamento da maior capacidade do ser humano, o raciocínio.

    Meu argumento é apenas um tira gosto, pois ao se falar da capacidade do ser humano, tratamos de um Ser em inicio de evolução, não sabemos onde poderemos chegar com nossa capacidade de raciocino.

    Um forte abraço!

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    • Luiz Carlos,

      A ideia é esta!

      As empresas não devem utilizar as pessoas como se fossem máquinas. O problema começa quando não se valoriza o senso crítico, a criatividade e o conhecimento de cada um. Neste caso, a acomodação acontece e as pessoas passam a agir como se fossem robôs.

      Abraço!

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      • E é ai que entramos na era da banalização…

        Gostaria de sugerir a troca da palavra Empresas por Pessoas Gestoras. Na verdade são pessoas que lidam com pessoas. Umas com mais autonomia outras com menos, mas não deixam de ser semelhantes. E a apatia tem sido o ingrediente principal como fator inibidor na motivação do desenvolvimento de talentos.
        É quase utópico pensar em qualidade sem pensarmos em relacionamentos sólidos, transparentes e acima de tudo éticos.
        Rubens Ornelas

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        • Rubens,

          Concordo com você! As empresas são formadas por pessoas. E estas pessoas devem transformar a empresa num lugar onde a criatividade, a eficiência e a eficácia sejam estimuladas.

          Passamos a maior parte do nosso dia no ambiente de trabalho. É terrível se estas horas forem marcadas pela apatia. Muito melhor é trabalhar, se divertir e vibrar com os resultados positivos.

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  3. Jobert Pereira

    Vicente,
    De fato, está oitava pedra justificaria as falhas que ocorrem, em todas as empresas grandes, médias e pequenas, ocorre desperdício de qualificações de pessoas, através de processos engessados e burocráticos, desmotivando profissionais que poderiam ser mais bem aproveitados e tudo pelo fato de uma má gestão ou gerenciamento com mentalidade e conceitos retrógrados.

    Forte Abraço

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    • Jobert,

      Os gestores deveriam se preocupar mais em dar condições para que todos os profissionais da empresa possam desenvolver seus potenciais.

      Noto que muitas vezes existe preconceito em relação ao pessoal do chão de fábrica. A colaboração que este povo pode dar, quando está motivado, é fantástica.

      Para melhorar a participação dos funcionários da empresa, a mentalidade da direção e gerências deve evoluir.

      Abraço

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  4. “Porque valorizar gestores pavões se realmente precisamos de castores?” Por Ronaldo Figueiredo Jr.

    Gostei d+!!! rsrsrsrsrsrsrsrs

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  5. Ronaldo Figueiredo Jr

    Vicente parabéns excelente artigo, trabalho no maior banco do mundo, 5º brasileiro e isto é uma constância, desperdício total de recursos, sub-valorização profissional e baixo aproveitamento. “Causa Mortis” ingerência… não sabem o valor agregado de cada recurso, a velha historia do… faço de conta que te pago… do outro lado … faço de conta que trabalho, salário é despesa ai você já entendeu tudo, não vêem a maquina inchada descontentamento, perdas financeiras e operacionais…
    Já foi feito treinamento, disponibilizado ferramentas, replanejado organograma, plano e plano de incentivo motivacional, mas nada deu certo, não importa o que você fale ou prove a ignorância ou excesso de rentabilidade cega qualquer chance de mudança.
    Tenho muito pensado nisso e gostaria de saber isso é um problema brasileiro pela lei de sempre querer levar vantagem em tudo ou competitividade com India e China?
    Criei até uma parábola, alias uma idéia que venho amadurecendo e que devo escrever algo a respeito breve;
    Porque valorizar gestores pavões se realmente precisamos de castores?

    Grande abraço

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    • Ronaldo,

      Muito boa reflexão!

      Na minha opinião, a abundância encobre as ineficiências, gerando acomodação. Por outro lado, o desepero pelos maus resultados impede a clareza dos pensamentos. Assim só com muita persistência consegue-se mudar esta situação. Trabalhei numa empresa em que houve fases onde este estímulo para as pessoas foi uma realidade. Os resultados foram espetaculares.

      Eu sou partidário que o gerente deve colocar em destaque sua equipe, mas existe o gerente pavão e aí…

      Fico na espera da tua parábola! Contribuições lúcidas como esta, sempre são bem recebidas.

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  6. Sandro Dias

    Realmente esta oitava perda é a mais frequente no dias atuais. Infelizmente muitas empresas se preocupam demais como os processos e esquecem que as coisas só acontece através das pessoas. Se descemos ao nível de empresas menores então nem se fala. Quantos e quantos “donos” não confudem ser dono como ser gerente, lider, coordenador e etc. Se as empresas investissem mais em avaliação de competências certamente alcanciaram melhores resultados.

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    • Sem dúvida, Sandro!

      Este é um dos maiores erros de entendimento das empresas. As pessoas fazem as coisas acontecerem. Elas percebem o que acontece ao redor e querem melhorar seus ambientes de trabalho. Cabe aos gestores a criação das condições propícias para estimular este processo de melhoria contínua. Muitos donos só conseguem olhar para os custos fixos e têm muita dificuldade de ver os benefícios desta prática.

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  7. vilson

    Prezado Vicente concordo plenamente, mas eu prefiro o termo desperdício de talentos, que já é amplamente utilizado, e sendo “caçado” em muitas organizações.

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